Famílias guarani ocupam área da Reserva Ibicuí-Mirim em Itaara

Famílias guarani ocupam área da Reserva Ibicuí-Mirim em Itaara

Foto: Reprodução

Três famílias da etnia guarani ocuparam, no último sábado (6), uma área da Reserva Biológica Ibicuí-Mirim, em Itaara. A presença do grupo foi confirmada pelo Executivo municipal nesta segunda-feira (8), que classificou a ação como pacífica. Ao todo, cerca de 20 pessoas, entre homens, mulheres, crianças e uma gestante, estão instaladas no local. Umas das famílias de indígenas morava em uma área do Parque Industrial e Tecnológico de Santa Maria (antigo Distrito Industrial), enquanto as outras seriam nômades.

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O local fica a cerca de 3 quilômetros da área central da cidade, na região conhecida como Estrada da Pedreira. As famílias estão alojadas em tendas e já iniciaram a construção de moradias com técnicas ancestrais. Cada estrutura está sendo erguida de forma coletiva, com materiais encontrados na própria mata. 


Permanência

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Em entrevista ao Diário, o advogado e representante das famílias, Patrick Mayer, destacou que a escolha do local está diretamente ligada ao estado preservado da área e às condições naturais, como a presença de água limpa – elementos considerados essenciais para a forma de vida guarani. Segundo ele, o objetivo das famílias é permanecer no território de forma definitiva e transformá-lo em uma terra indígena oficialmente reconhecida:

– O objetivo é garantir um território onde possam viver de acordo com seus modos de vida tradicionais. A intenção é preservar integralmente a mata nativa existente, garantindo a proteção dos recursos naturais, e também recuperar as áreas que já foram degradadas ao longo do tempo.  

Além disso, conforme Mayer, os guarani possuem um profundo vínculo espiritual com as florestas nativas, com os rios e com os animais. Por isso, as decisões de retomada são pensadas também dentro de um âmbito espiritual, orientadas pela relação com a natureza e pela busca de plantas medicinais. 

A partir da instalação, o grupo dará início ao diálogo com o Ministério Público Federal, com o Estado e com a União. O processo busca construir um caminho institucional para o reconhecimento oficial da área como terra indígena, conforme previsto na Constituição. Para Mayer, essa é uma etapa fundamental para assegurar não apenas o direito à terra, mas também o reconhecimento histórico, cultural e espiritual do território:

– Esse processo envolve não apenas o contato com os órgãos competentes, mas também a construção de um entendimento mútuo sobre a importância histórica, cultural e espiritual do território para o povo guarani, fortalecendo a luta por proteção e autonomia. 


O que diz a prefeitura 

Foto: Reprodução

Para averiguar a situação, o prefeito em exercício, Zenir Oliveira (PSB), visitou o local acompanhado do procurador jurídico do município, Jacir Rodrigues. Durante a vistoria, a equipe realizou um levantamento preliminar, identificando o número de integrantes, faixas etárias e condições gerais do grupo. Após a visita, o Ministério Público Federal foi oficialmente comunicado.

Em entrevista ao programa Fim de Tarde, da Rádio CDN 93.5, nesta segunda-feira, Oliveira relatou que a administração foi acionada logo no início da manhã:

– Fui até lá com o procurador e encontramos três famílias, cerca de 20 pessoas. Conversamos, coletamos alguns dados e fizemos o informe oficial ao Ministério Público Federal.

A prefeitura informou ainda que as secretarias de Saúde e Assistência Social retornarão ao local nesta terça-feira (9), com foco no atendimento às crianças e à gestante.

Nossa preocupação é exclusivamente social. Amanhã estaremos no local para verificar se todos têm condições mínimas e para nos colocar à disposição, especialmente no caso das crianças e da gestante – afirmou o prefeito em exercício.

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Vitória Sarturi

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