O espetáculo já começou

Conheça os bastidores do circo Rakmer, que estreou durante o fim de semana em Santa Maria

Pâmela Rubin Matge

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Quem são os palhaços de cara engraçada e capazes de provocar risos fartos? Quem são as corajosas acrobatas? O que os move a trocar uma vida comum pelos picadeiros? Pela primeira vez em Santa Maria, o Circo Rakmer abriu suas cortinas para a reportagem acompanhar um pouco o cotidiano da vida circense. Instalado no Parque da Medianeira desde sexta-feira, o circo deve permanecer até o dia 20 de abril.

No interior das várias carretas e trailers estacionados no pátio do parque estão pessoas de diferentes estilos e idades que são movidas por um único propósito: o amor ao circo. Tem artistas que nasceram em diferentes regiões do Brasil e até de fora do país, como do Peru, Bolívia e Equador. Para a maioria, a rotina circense não chega nem o ser uma opção, mas uma tradição passada de geração em geração:

– Não sei fazer outra coisa. Me perguntam como é a vida no circo? Ora, eu nem sei como é a vida fora dele – conta Edson Luan de Souza Ferreira, 24 anos.

Neto de palhaços e filho de um ex-militar que fugiu do Exército para se casar e ir embora com o circo, o jovem Ferreira não precisa de mais de cinco minutos para se transformar em vários personagens, como o palhaço Pipoca e o homem-aranha. Antes de começar a primeira das três apresentações do dia, um suspiro e uma oração:

– Lá vamos nós! Sempre peço benção a Deus e ao meu vô para que tudo saia bem e nada de ruim aconteça comigo.

Ao lado, as gêmeas Rosane e Roseane de Souza Costa, 23 anos, também fazem alongamento para a maratona de apresentações. A preparação começa cedo da tarde, dentro do trailer onde moram com os pais. Primeiro, o cabelo, depois a maquiagem:

– Nascemos aqui dentro, e poucas pessoas como nós sabem o que é ter a liberdade de fazer o que gosta e viver para dar momentos de alegria às pessoas. Nas estreias, sempre dá um friozinho na barriga, mas é muito bom. Até passeamos na cidade, vamos ao cinema, mas o que vivemos aqui não se aprende na escola – resume Rosane.

Uma realidade que não tem graça alguma



Por trás do riso fácil, a comunidade circense também enfrenta seus perrengues que não são nada engraçados. A cada nova cidade, o principal duelo é com o preconceito.

– A verdade é que atualmente somos marginalizados no Brasil. Você chega na Argentina ou no Uruguai, a coisa é diferente. Aqui enfrentamos uma burocracia enorme porque acham que não somos ninguém. Acham que não temos onde morar, não temos estudo ou cursos nem comida. Sou a nona geração da minha família que vive de circo – conta o locutor e um dos responsáveis pela organização do circo, Antônio Bartolo Junior, 45 anos, que ainda acrescenta:

– Tenho bens, tenho referências, mas quando chego a uma prefeitura, preciso dizer que sou diretor de produção e não artista de circo.

Aos 60 anos, Francisco Alves de Sousa Costa, ex-equilibrista, atua na montagem geral. Ele conta que o tratamento para os artistas mudou muito:

– É triste ver que as coisas mudaram. Antes chegávamos a uma cidade e tudo parava, parecia que era Deus chegando. Hoje, mal nos dão atenção.

Astros do cinema e da TV no picadeiro



Apesar da tradição milenar e de um modo de vida singular que se mantém por várias gerações, os espetáculos também abrem as cortinas para a modernidade. Quem acompanhou as apresentações de estreia do Circo Rakmer durante o fim de semana reconheceu personagens famosos de desenhos animados e estrelas do cinema infantil. A porquinha Peppa Pig, e Olav e os personagens de Frozen, trazidas por uma produtora de São Paulo, ganharam vida no corpo de bonecos e f"

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