repercussão

Comunidade médica e autoridades lamentam morte de Waldir Veiga Pereira

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Foto: Charles Guerra (Arquivo, Diário)
Waldir Veiga Pereira em 2018

Morreu, nesta quinta-feira, um homem que fez a diferença na vida de incontáveis pessoas. Waldir Veiga Pereira, 82 anos, foi pioneiro na busca por uma cura para a leucemia e iniciou os serviços de tratamento do câncer em Santa Maria. Cidadão benemérito da cidade e doutor honoris causa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Waldir morreu às 2h45min, no Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo. Waldir era reconhecido como um dos mais importantes oncologistas do Brasil. A perda causou repercussão entre autoridades e principais instituições e referências médicas da região. O velório começou por volta das 9h30min de quinta-feira, na Capela B do Cemitério Santa Rita. 

No local, estiveram presentes vários familiares, amigos, colegas de profissão e pacientes que se despediram e compartilharam as lembranças que viveram na companhia de Waldir. O médico e irmão, Dalnei Veiga Pereira, lembra da influência de Waldir na escolha da profissão.

- No ano de 1965, o Waldir estava no último de medicina e tinha muita vontade que eu viesse para Santa Maria. Eu me mudei para a cidade e passei a trabalhar em laboratório fazendo atividades mais simples. Aos poucos fui progredindo, me entusiasmei com a profissão, e me formei. Desde então, em um período de 57 anos, nós sempre estivemos juntos na medicina, a maior parte na área clínica e de laboratório. Dentro da medicina, o Waldir desenvolveu muitas atividades que talvez as pessoas não imaginam o quanto aquilo era avançado para a época. Também na área de laboratório, muitas atividades foram antecipadas em termos de avaliação diagnóstica. Estas inovações estavam presentes nos laboratórios particulares e foram trazidas para o Hospital Universitário. Praticamente, tudo o que nós fazíamos na área particular, nós também fazíamos na área pública. Assim, todo indivíduo pobre tinha este benefício da mesma forma que as pessoas que tinham recursos para pagar os exames. Então, o pesar e a dor são muito grandes - conta Dalnei.

Morre o médico Waldir Veiga Pereira, um dos mais importantes médicos oncologistas do país

A pediatra Maria Clara Valadão foi aluna de Waldir na graduação e na residência. No velório, ela disse que é grata pelos ensinamentos.

- Ele era um visionário, uma pessoa iluminada, um gênio. Foi também o pioneiro em muitas coisas. Criou o serviço de hemato-oncologia e começou a tratar crianças com leucemia em uma época em que todos morriam. Eu trabalhei arduamente ao seu lado durante muitos anos e aprendi muito com ele. Então, além de ser pioneiro na área clínica, no tratamento da leucemia, ele trouxe para Santa Maria toda essa tecnologia de laboratório que não existia - lembra Maria Clara.

A médica aposentada Miriam Seligman também teve a oportunidade de aprender com o médico.

- O Dr. Waldir foi meu professor e também um colega durante o meu período de atuação profissional. Como eu me dedico ao tratamento para dores, nós tivemos muitos pacientes em comum. Ele tinha uma preocupação enorme com o sofrimento das pessoas. Essa é uma perda enorme porque ele foi uma personalidade ímpar na medicina, como estudioso, empreendedor, criador, e realmente era o nome de maior destaque da oncologia em Santa Maria - relata Miriam. 

A perda do médico também foi sentida pelos amigos. José Antônio Rodrigues, aposentado, conhecia o médico desde 1958, quando eles construíram uma amizade, que permaneceu por mais de sessenta anos.

- Vivíamos um na casa do outro, participávamos de churrascos nos fins de semana na minha chácara e nossos filhos cresceram juntos. Então, para mim é uma perda irreparável. Para a comunidade médica é muito maior, pois ele foi um ícone na medicina, um cientista ao meu ver, um grande líder, e um homem que vai fazer muita falta - lamenta o amigo.

Pessoas com atraso vacinal, idosos e adolescentes são contemplados nas ações de vacinação até sábado

COMUNIDADE PRESTA HOMENAGENS

Em nota oficial, o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), afirmou estar de luto. Waldir era professor aposentado da Universidade Federal de UFSM e criador do Serviço de Hemato-Oncologia do Hospital Universitário (Husm). Na instituição, ele também fundou o Centro de Transplante de Medula Óssea e a Turma do Ique.

- Um cientista, professor e médico admirável. Lutou contra todas adversidades para a criação de um serviço de reconhecimento internacional e que trouxe enormes benefícios aos pacientes. Perfeccionista e incansável na busca de diagnóstico e terapia de vanguarda para os doentes. Deixou saudade e um rombo no Husm, desde a sua aposentadoria. Que seja infinita sua paz, como é nossa gratidão - disse a superintendente do Hospital Universitário, Elaine Resener.

O deputado estadual Beto Fantinel (PMDB) também se manifestou pelas redes sociais.

- Grande amigo, sempre engajado nas pesquisas e focado no cuidado e tratamento de crianças diagnosticadas com câncer - lamentou.

O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, agradeceu pelo trabalho que o médico prestou à comunidade.

- Perdemos um profissional extremamente qualificado e que muito contribuiu para a sociedade, sempre priorizando o bem-estar dos pacientes. Só temos a agradecer por todo o trabalho de excelência prestado para a nossa população - afirmou.

ÁREA MÉDICA LAMENTA PERDA
O diretor técnico do Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevendo, Luis Gustavo Thomé, lamentou a perda do profissional. A Unidade de Tratamento Oncológica da instituição leva o nome de Waldir, e foi inaugurada em 2019 na presença do médico:

- Foi um expoente da medicina, reconhecido nacionalmente e mundialmente. Era, realmente, um médico à frente do seu tempo, uma pessoa extremamente inteligente. Uma pessoa parceira, sempre disponível, tanto é que é adorado pelos pacientes e classe médica. Vai deixar uma lacuna muito grande.

A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), também manifestou pesar pela morte de Pereira. " Foi um ícone da Hematologia brasileira, particularmente na onco-Hematologia Pediátrica, onde deixou inúmeras contribuições especialmente no tratamento das leucemias da infância. Foi um exemplo de médico para várias gerações, inclusive para as mais atuais", diz a nota.

Waldir também foi fundador da Labimed Análises Clínicas. A empresa também publicou nota de falecimento: "Médico referência no país, que atuou com pioneirismo, ética e compromisso no seu propósito de salvar vidas. Junto ao seu legado, o Dr. deixa uma sólida construção, a qual toda nossa equipe se compromete em seguir honrando na missão de promover a saúde a todos".

A Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) também manifestou pesar: "Sua contribuição à comunidade científica brasileira é inestimável e, com certeza, manterá o seu legado para a eternidade".


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