Claudemir Pereira: os grandes partidos de Santa Maria e sua opção preferencial pelos forasteiros

Claudemir Pereira

Claudemir Pereira: os grandes partidos de Santa Maria e sua opção preferencial pelos forasteiros
Harrisson, hoje presidente do MDB. Partido sequer apresentou candidato local à Câmara. Foto: Pedro Piegas (Arquivo Diário)

Há quatro anos, o MDB santa-mariense apresentava ao eleitorado o nome do então vereador, e hoje presidente do partido, Francisco Harrisson, como uma opção local para a Câmara dos Deputados. Não fez fiasco, ao obter 8.894 votos no total, dos quais 5.130 em Santa Maria. De todo modo, foi uma votação pra lá de insuficiente, independente da expectativa que eventualmente tivesse criado.

Várias explicações podem ser alinhadas para explicar o desempenho aquém do esperado. Mas a principal, talvez, venha do próprio entorno partidário, com um punhado de já deputados que vieram ciscar por aqui e colheram, com seus cabos eleitorais da boca do monte, votos que poderiam ficar com o nome da comuna.

No pleito deste ano, pelo menos a hipocrisia foi às cucuias e o MDB assumiu de vez a opção preferencial pelos forasteiros. Tanto que não apresenta nenhum “Harrisson” para concorrer à Câmara. E o seu nome à Assembleia, Roberto Fantinel, só não corre mais riscos, e até poderá ampliar sua votação, porque hoje é candidato solito e inconteste liderança da boca do monte, inclusive bastante ligada ao presidente Francisco.

A história que você leu acima é do MDB. Mas, creia, ela se repete na maior parte dos grandes partidos com vida legal na comuna. A ponto de ser inviável sequer imaginar a possibilidade de repetição de campanha semelhante a uma feita nos anos 90, patrocinada pela mídia e entidades empresariais da cidade. Sim, não se consegue vislumbrar um “Dê votos a Santa Maria” nos tempos que correm.

Afinal, como fazer isso se, descontada a grande exceção, o PT, que vem com chapa completa e competitiva há um punhadão de pleitos, todos os demais graúdos abrem mão de um ou outro cargo. Como assim?

Simples. O PDT não tem candidato local à Assembleia. E se, na undécima hora, apresentar algum, virá com o estigma do atraso na campanha. Já para a Câmara dos Deputados, o caminho está liberado para forasteiros interessados em votar em nomes do MDB, PSDB, PSB, Republicanos, PSD, PTB e o União Brasil – o fruto da junção entre PSL e DEM. Estes últimos, por sinal, em 2018, também se abriram aos “de fora”. Ou, no caso do demismo, viram Onyx “engolir” o seu parceiro local e também candidato Manoel Badke.

Aliás, e para fechar, o fenômeno pode se repetir agora no Progressistas. Sim, o nome local que concorre à Câmara deve abrir o olho. Enquanto se esboroa em campanha, parceiros seus de partido fazem campanha aberta para forasteiros. Pelo menos três, para ser mais preciso.

Enfim, como querer ampliar a representação santa-mariense nos parlamentos, especialmente o federal, se os próprios partidos se entregam aos, digamos, peregrinos da política?

Os primeiros nomes confirmados e a próxima fornada de candidatos

Foto: Pedro Piegas (Arquivo Diário)

Sem Fabiano Pereira (foto), do PSB, que deverá participar da coordenação da campanha de Beto Albuquerque ao Palácio Piratini (se essa candidatura afinal for confirmada, ou mesmo de outro nome do partido), e não mais disputará vaga em Brasília, a primeira rodada de convenções partidárias, entre o dia 20 e o último final de semana, confirmou os primeiros 14 santa-marienses candidatos a deputado em outubro, um deles à reeleição.

No total, são quatro concorrentes à Câmara dos Deputados. A saber: Ana Néri Knupp (Podemos), Ewerton Falk (PL), Jader Maretoli (PSC) e Vinícius Brasil (PSol).

E os 10 restantes estão confirmados para disputar vaga na Assembleia Legislativa. São eles: Alice Carvalho (PSol), Cida Brizola (União Brasil), Giuseppe Riesgo (do Novo, que tentar renovar seu mandato), Jorge Maretoli (PSC), Luciano Sampaio (Republicanos), Maria Helena Rodrigues (Republicanos), Paulo Ricardo Pedroso (PSB), Patric Luderitz (PL), Rogério Ferraz (PSB) e Tony Oliveira (Podemos).

Uma nova fornada de concorrentes ligados a Santa Maria será com certeza confirmada, entre este final de semana e a segunda-feira, quando acontece a última rodada de convenções. Serão algo como 15 nomes, muito provavelmente.

Neste sábado, por exemplo, devem ser oficializados os candidatos do PDT, PP e Avante. Também tem convenção o PSTU que, porém, não deverá ter nome local na disputa.

No domingo será a vez de confirmarem-se os nomes do PTB, MDB, PSDB e da federação Brasil da Esperança (com candidatos do PT e PC do B). E, por fim, na segunda-feira deve ser confirmado o único nome do PSD.

A chegada de um concorrente da Esquerda ‘dá jogo’ para o Senado

Olívio Dutra. Foto: Celso Bender (Arquivo)

Cogitava-se, entre a quinta e a sexta, a possibilidade de Lasier Martins abrir mão da disputa pela cadeira que é dele há quase oito anos. Se desistisse, optaria entre concorrer à Câmara ou à Assembleia, para puxar votos e ampliar a bancada de seu partido, o Podemos.

A hipótese ficou ainda mais forte depois de, na terça-feira, ter-se anunciado que o ex-governador Olívio Dutra (foto), do PT, é o candidato da Federação Brasil Esperança ao Senado. O que fazia com que os observadores, num primeiro momento, vislumbrassem a repetição local da polarização nacional, tendo como protagonistas o próprio petista e Hamilton Mourão, do Republicanos.

Nesse caso, a pessedista (com forte apoio no Progressistas, de onde saiu) Ana Amélia Lemos correria por fora, e fechando espaço para outros nomes tidos como mais conservadores, inclusive Lasier e Nadia Gerhard, do PP.

É o que acontecerá? Ainda é cedo para cravar. Mas uma dúvida deixou de existir: a Esquerda encontrou um candidato competitivo. E haverá “jogo” na disputa ao Senado.

Luneta

Foto: Marcelo Oliveira (Arquivo Diário)

DÚVIDA

Última rodada de convenções, que ocorre deste sábado até segunda, tem ao menos duas dúvidas relevantes. Uma na Esquerda. São rumores daqui, dali e d’alhures. Mas a aposta maior é que tudo continue como está. Exceto, e isso poderia se resolver na sexta, o que não ocorreu até o fechamento da coluna, ou no sábado, com a adesão do PSol ao “pool” esquerdista liderado por Edegar Pretto, do PT. E só.

DÚVIDA II

A outra questão relevante está no centro ideológico. Certa é a candidatura de Eduardo Leite, do PSDB. Incerta, mas provável, são os indícios mais recentes, é a adesão do MDB, com a indicação de Gabriel Souza como vice. E para o Senado, a opção seria Ana Amélia Lemos, a ser confirmada pelo PSD. Qualquer que seja o decidido, algo é certo (e talvez seja a única certeza): o emedebismo rachou. E ponto.

REBARBA

Quem está de olho no que ocorrerá com o MDB, imaginando ser possível receber apoio, mesmo que dissidente, é Onyx Lorenzoni (foto), do PL. Não é de graça que o deputado e ex-ministro deixou aberta a vaga de vice. Vai que, na rebarba, seja possível obter apoio formal de um ou outro. O posto, enfim, estará disponível pelo tempo necessário – até no limite de 15 de agosto, o último prazo legal.

PP E PDT

Também será confirmada neste fim de semana a, provavelmente, única chapa previamente fechada, com Luiz Carlos Heinze (PP) e Tanise Sabino (PTB), governador e vice, e Nadia Gerhard (PP), ao Senado. Ah, e o PDT… Bem, o partido do Doutor Leonel, amarrado pela necessidade de oferecer palanque para Ciro Gomes, tende a ficar mesmo sozinho na disputa, com Vieira da Cunha liderando a chapa. A conferir.

PARA FECHAR!

A semana começa com o final do recesso na Câmara de Vereadores. Que, porém, não funcionará a pleno, como seria o desejável e é para o que o contribuinte paga. Afinal, passa a vigorar o horário eleitoral, com redução de funcionamento, que será a meia boca (ou a três quartos de boca, vá lá). Ah, e as sessões ordinárias vão acontecer de manhã, ficando a tarde livre para… Sim, é tempo de campanha, gente!

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