Casos de obesidade aumentam no mundo e estimativa brasileira gera alerta

Arianne Lima

Casos de obesidade aumentam no mundo e estimativa brasileira gera alerta
Foto: Nathália Schneider (Diário)

A obesidade é uma doença crônica que vai além de um acúmulo de gordura no corpo. Estudos mostram que pessoas que apresentam Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 30 têm maior probabilidade de desenvolver pressão alta, diabetes, problemas nas articulações, dificuldades respiratórias, pedras na vesícula ou até mesmo, algum tipo de câncer.

Neste sábado (4), também conhecido como o Dia Mundial da Obesidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras entidades pelo mundo todo fazem um alerta sobre o atual cenário, que se agravou com a pandemia de coronavírus. 

Segundo o Atlas Mundial da Obesidade de 2022, estima-se que quase 30% da população adulta brasileira chegue à obesidade até 2030. Em Santa Maria, os dados atuais geram preocupação. De acordo com registros do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), 18.970 pessoas tiveram o estado nutricional avaliado em 2022. Deste quantitativo, mais de 5,1 mil foram classificadas como obesas, o que representa 26,92% do total. 

Além de conscientizar, especialistas reforçam que a adoção de uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos precisam ser vistos pela população como aliados na prevenção desta e outras doenças.

Na reportagem, saiba como é feito o cálculo de IMC, o monitoramento dos casos em Santa Maria e quais são as unidades de saúde que atualmente contam com grupos de caminhada, práticas corporais e qualidade de vida no município.

Mude velhos hábitos

Entender a forma como a obesidade afeta o corpo humano é uma das missões da nutricionista Renata Araujo Firmino Freitas. Com especializações em nutrição clínica em patologias, nutrigenômica e modulação intestinal, ela analisa os fatores genéticos e ambientais que desencadeiam a doença. Desde 2020, a pandemia de coronavírus é uma delas. 

– A pandemia elevou muito a ansiedade das pessoas. Elas estavam ociosas em casa e não podiam sair na rua, porque não sabíamos o que era a Covid-19 naquela época. Elas ficavam em casa, comendo na frente do computador e assistindo séries ou todos os dias, tomando refrigerantes e bebendo. Então, isso ocasionou uma elevação de peso na população. Não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil – afirma Renata.

Para a especialista, reconhecer os efeitos da obesidade no dia-a-dia é um passo para começar o processo de mudança de velhos hábitos. Renata, que aposta também no reaproveitamento integral dos alimentos neste processo, deixa uma dica:

– Quanto mais colorida for a nossa alimentação, mais vitaminas e minerais iremos consumir. Devemos descascar mais e desembrulhar menos, como sempre digo. Então, quando chegar em casa, tente fazer um ovo mexido, comer um pão integral, um saladão ou uma carne. É bom sempre colocar bastante salada nos pratos, porque ela causa saciedade, fazendo com que tenhamos um trânsito melhor do intestino, mais fibras e uma maior população de microrganismos no nosso intestino, o que vai contribuir para uma perda de peso maior.

Para lidar adequadamente com o quadro, recomenda-se a busca por ajuda profissional.

Como calcular o IMC

O diagnóstico de obesidade é feito com base no Índice de Massa Corporal (IMC). Para realizar o cálculo, é preciso dividir o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). 

Exemplo:

IMC = Peso ÷ (Altura x Altura)

O resultado irá indicar se o peso está dentro, abaixo ou acima da faixa ideal. Veja a classificação abaixo:

Menor que 18,5 – Abaixo do peso

Entre 18,5 e 24,9 – Peso normal

Entre 25 e 29,9 – Sobrepeso (acima do peso desejado)

Igual ou acima de 30 – Obesidade

Cerca de 27% dos santa-marienses avaliados tinham obesidade em 2022

No ano passado, o estado nutricional de 18.970 pessoas foi avaliado em Santa Maria. Deste quantitativo, 5.108 apresentavam IMC igual ou acima de 30, sendo classificadas como obesas. Este dado do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) corresponde a 26,92% do total avaliado.

Conforme a prefeitura de Santa Maria, o monitoramento dos casos é realizado quadrimestralmente pela responsável da Política de Alimentação e Nutrição do município. A ação consiste na coleta de dados de peso e altura das pessoas que passam por consultas ou procedimentos nas unidades de saúde. 

Para a secretária adjunta de Saúde de Santa Maria, Ana Paula Seerig, é importante enxergar o sobrepeso e a obesidade como condições que não podem ser banalizadas:

– De modo geral, mais de 70% da nossa população está acima do sobrepeso. Ou no sobrepeso ou na obesidade. O que percebemos é que são dados alarmantes, tanto que desde o ano passado, o Estado passou a ter um indicador de monitoramento de sobrepeso e obesidade, que enquanto município, precisamos estar monitorando e promovendo ações. Então, a gente vem trabalhando e fazendo este diagnóstico nos territórios, nas unidades de saúde. Vem pedindo também para que as equipes olhem para a obesidade como uma doença, sem banalizar. 

Além da orientação sobre alimentação saudável nas consultas de puericultura e de rotina, o cronograma municipal inclui a abordagem do tema e o incentivo à atividade física nas escolas com adesão ao Programa Saúde na Escola (PSE) e a criação de grupos de caminhadas, práticas corporais e qualidade de vida em unidades de saúde.

Atualmente, cinco Estratégias de Saúde da Família (ESFs) contam com grupos de caminhada. São elas:

ESF Santos – Nas terças-feiras pela manhã

ESF Maringá – Nas terças e quintas-feiras pela manhã

ESF e EAP Kennedy – Nas terças e quintas-feiras pela manhã

ESF Passo das Tropas– Nas quartas-feiras pela manhã

ESF São José – Nas segundas, quartas e sextas-feiras pela manhã

Segundo a prefeitura, ‘os grupos são organizados pelas unidades de saúde mediante critérios de participação, vagas e turnos dos grupos pactuados diretamente pelas equipes’, sendo ‘prioritariamente para os usuários do território, ou seja, aqueles que já são atendidos pela equipe da unidade’.

Já as atividades dos grupos de práticas corporais e qualidade de vida são realizadas em conjunto com o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB), que conta com uma equipe multidisciplinar composta por nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga, fonoaudióloga, terapeuta ocupacional e assistente social. 

O NASF-AB apoia os grupos das seguintes ESFs:

ESF Urlândia – Grupo Amigos da saúde com atividades nas segundas-feiras pela manhã

ESF Roberto Binato – Grupo Saúde para Todos nas terças-feiras pela manhã

ESF Roberto Binato – Grupo Sempre Jovens com ações nas terças-feiras de tarde

ESF Roberto Binato – Grupo Qualidade de Vida com atividades nas quartas-feiras pela manhã

ESF Bela União – Grupo Semeando Saúde nas segundas-feiras à tarde

Além deles, um novo grupo também deve ser criado na ESF Lídia. Conforme a pasta, as atividades começarão em breve, sendo realizadas nas sextas-feiras pela manhã.  

Para a participação das iniciativas, não há protocolo específico. Os interessados deverão ir à unidade mais próxima para solicitar mais informações. A prefeitura reforça que ‘muitas vezes, o usuário é convidado pela equipe a participar dos grupos após consulta com diagnóstico de alguma doença crônica e/ou exames alterados, justamente para reforçar a adoção de hábitos saudáveis e a melhora da qualidade de vida’.

Foto: Anselmo Cunha (Arquivo/Diário)

Leia todas as notícias

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Musical do Rei Leão em Santa Maria trouxe diversão para crianças e recordação da infância para adultos Anterior

Musical do Rei Leão em Santa Maria trouxe diversão para crianças e recordação da infância para adultos

Agergs pune Rota por não consertar 5 trechos da RSC-287 dentro do prazo Próximo

Agergs pune Rota por não consertar 5 trechos da RSC-287 dentro do prazo

Geral