As buscas por Gabriel Marques Cavalheiro retornaram por volta das 8h da manhã desta sexta-feira (19), em São Gabriel. O jovem está desaparecido desde 12 de agosto. Neste dia, ele foi visto, pela última vez, entrando em uma viatura da Brigada Militar (BM). Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar o caso e uma equipe começou a trabalhar nas buscas pelo jovem.
Nesta sexta-feira, o trabalho de investigação foi intensificado na localidade conhecida como Lava Pés, que fica a dois quilômetros do ponto de abordagem feita pela BM. Nesta área, estão equipes do Corpo de Bombeiros (mergulhadores e cães farejadores), da Brigada Militar, da Polícia Civil e da Patrulha Ambiental. As buscas são realizadas no fundo da barragem, com um barco e um helicóptero.
A família de Gabriel, com apoio da Patrulha Ambiental, também realizam buscas em outro local, nas proximidades de Lava Pés, conhecida como Engenho Taschetto.
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Entenda o caso
Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, está desaparecido desde a última sexta (12), em São Gabriel. O jovem, nascido em Guaíba, estava hospedado na casa dos tios no município para realizar os exames de alistamento militar.
Na sexta-feira (12), Gabriel teria ido a uma residência para encontrar duas jovens. Ao tentar entrar na casa delas, a proprietária da residência teria acionado a Brigada Militar (BM). A moradora registrou o momento em que os policiais teriam abordado o jovem. Ele teria sido visto pela última vez sendo abordado, algemado e logo em seguida colocado no porta-malas de uma viatura da BM.
Vizinha registrou o momento em que Brigada Militar teria abordado o jovem. Foto: reprodução
Os policiais foram afastados, orientados a ficarem em casa e se apresentarem a cada dois dias no quartel da BM. As armas foram apreendidas.
O delegado José Bastos, titular da Delegacia de Polícia (DP) local, apreendeu a viatura usada pelos policiais e solicitou ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) que fizesse um exame detalhado no veículo com urgência. Questionado, o delegado afirmou que não há prazo, mas que aguarda o resultado para dar seguimento nas investigações.
Repercussão
O que dizem as autoridades de segurança
Na quinta-feira (18), o delegado José Bastos esteve no local das buscas duas vezes durante o dia. Em entrevista à reportagem, ele afirma que a Polícia Civil está trabalhando em duas frentes, uma nas buscas no local e na outra, os policiais estão colhendo vídeos de câmeras de segurança dos locais por onde os PMs passaram com a viatura com o jovem e ouvindo testemunhas e envolvidos.
– Com os dados do GPS da viatura, começamos a fazer buscas nesse local. Nós instauramos um inquérito policial para investigar todas circunstâncias desse desaparecimento, incluindo a possibilidade de homicídio – explica o delegado.
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O Tenente-coronel Antônio Felipe Zanga Junior, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) Fronteira Oeste da Brigada Militar (BM) foi até o local, mas preferiu não dar detalhes sobre o caso. Ele diz que é preciso respeitar as investigações e que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado.
– Nós estamos desde o início acompanhando tudo que está acontecendo. Tem um inquérito que está apurando todas as circunstâncias da ocorrência. É nossa competência, é o nosso compromisso com toda a sociedade gaúcha- afirma o comandante.
Desabafo dos familiares
Em entrevista, Soila Marques, 27 anos, irmã mais velha de Gabriel Marques Cavalheiro, disse não acreditar na versão da Brigada Militar sobre o motivo da abordagem dos policiais e deu detalhes da personalidade de Gabriel.
– Eles estão falando coisas nada a ver. O Gabriel é muito tranquilo, calmo e carinhoso, ele é uma pessoa demais, não tem como entender. O exército é o sonho dele, aqui é o sonho dele, ele veio para cá para isso. (…) Eu procurei por tudo, pelo mato, não adianta ficarmos parado. Eu tenho esperança, a gente tem esperança que ele vai ser encontrado bem. Nós temos a foto do Gabriel com a polícia, que a vizinha nos mandou. Ela falou que o Gabriel gritava, gritava que não queria ir, ele fez de tudo, mas eles levaram – contou.Irmã de Gabriel, Soila enviou vídeo à reportagem
“Se alguém cometeu crime foi a polícia, eu só chamei, mas não chamei para consumirem com o guri”, diz mulher que acionou PMs
A dona de casa Paula Lima da Silva, que chamou a Brigada Militar após ver que o jovem estava tentando entrar na casa dela, diz estar sendo pressionada pela população, mas nega ter culpa no desaparecimento:
– Eu não sou criminosa, isso que a população tem que entender, se alguém cometeu crime foi a polícia, eu só chamei, mas não chamei para consumirem com o guri, chamei para retirarem ele do local e acharem alguém da família. Eu tenho a minha consciência tranquila que não sou culpada dessa história. (…) Eu chamei a Brigada, minha filha está sofrendo com isso, a cidade toda está dizendo que ela e a amiga dela chamaram o rapaz, isso não é verdade. Ela é uma criança, ela tem 11 anos e está sofrendo uma pressão que nem para a escola eu mandei ela, por causa dessa história.
Paula Lima da Silva, conta porque chamou a Brigada Militar. Foto: Maurício Barbosa (Diário)
Paula também afirma ter chamado a polícia porque Gabriel teria forçado a grade e tentado abrir o portão, mas que não queria que nada acontecesse com ele. Ela fez fotos e vídeos da abordagem policial.
– Ele saiu daqui bem, entrou na viatura bem, eu posso afirmar. (…) Eu não sou criminosa, isso que a população tem que entender, se alguém cometeu crime foi a polícia, eu só chamei, mas não chamei para consumirem com o guri, chamei para retirarem ele do local e acharem alguém da família. Eu tenho a minha consciência tranquila que não sou culpada dessa história.
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