Solidariedade

As lutas e esperas dos Borba

Pâmela Rubin Matge

Celso Luiz Vargas de Borba espera há 15 dias, a filha dele, que no último dia 19 de janeiro, fez um transplante de rim. Os irmãos aguardam notícias do estado de saúde da irmã, que viajou acompanhada da mãe. As duas esperam que a médica adentre o quarto, no leito 40 do Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre, com o atestado de alta. De esperas, a rotina do pedreiro Borba já se adaptou.

A última delas durou seis meses, quando a filha Letícia, 16 anos, recebeu a notícia que havia encontrado um doador de rim compatível.Dos seis filhos de Celso e Vera, cinco possuem nefronoftise, uma doença hereditária que compromete o funcionamento do rins. Alexandra, a mais velha, é a única que não possui o problema. Cezar, Lucas, Leonardo, Letícia e Gabriely já foram diagnosticados como portadores. Destes, apenas Gabriely não transplantou.

Ela aguarda o rim atingir capacidade mínima de funcionamento para entrar na fila do transplante. A luta da família já dura 12 anos. No mínimo uma vez por mês, os filhos viajam à capital gaúcha para o acompanhamento de exames.

_ Nossa vida é viver para os filhos. A preocupação é constante aqui ou em Porto Alegre. Mas por mais difícil que seja tentamos nos manter firme _ disse Borba.

O pedreiro conta que o diagnóstico é mais frequente entre os 8 e os 24 anos. Em Lucas, o terceiro filho do casal, a doença se manifestou aos oito anos. Ele já foi transplantado duas vezes. Só mais tarde, Cezar, o filho mais velho, soube que também era portador de nefronoftise, aos 18 anos. Na sequência, apareceu em Leonardo, Letícia e Gabriely.

_ Cinco com uma doença sem cura e sem perspectiva de trabalho. Deus nos deu essa cruz e temos que carregá-la _ desabafa Borba.

O transporte para as idas à Capital é concedido pela prefeitura de Santa Maria, mediante agendamento. A grande quantidade de remédios é viabilizada pela 4ª Coordenadoria de Saúde. Contudo, viagens de urgência desesperam a família que não pode custear o deslocamento.

A renda familiar se restringe ao auxílio doença de dois filhos e dos serviços eventuais que Borba consegue como pedreiro no cemitério municipal. Segundo ele, há meses em que não dá para juntar um salário mínimo. A comida tem, mas não é farta. As contas de luz, água e telefone atrasam o pagamento com frequência e se acumulam sobre a mesa. A esposa, que trabalhava como doméstica, abandonou a profissão para cuidar dos filhos.

Até o final da noite de ontem, Letícia ainda não havia recebido alta do hospital de Porto Alegre. Segundo Borba, a menina teve complicações.após o procedimento cirúrgico. Leonardo, acabara de ser internado devido a uma rejeição no rim e está sujeito a um segundo transplante.

Enquanto isso, o pai espera por Letícia e Leonardo, ambos hospitalizados. Espera pelo transplante da filha mais nova, Gabriely. Espera que o próximo serviço apareça antes que mais um mês desapareça. O pai segue na espera, sobretudo, da saúde dos filhos.

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