Tragédia na boate Kiss

'Não vão nos calar. Vamos intensificar os atos e pressionar por justiça', diz pai de vítima do incêndio na boate Kiss

Maurício Araújo e Luiz Valério Seles

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Um dos atos que tinham a intenção de pedir justiça e marcar os 13 meses de saudade às vítimas da tragédia na boate Kiss virou polêmica na quinta-feira. Familiares do Movimento Santa Maria do Luto à Luta pintaram silhuetas de corpos em frente ao prédio da SUCV, onde fica o gabinete do prefeito Cezar Schirmer. A mesma ação ocorreu em 27 de janeiro em frente à casa noturna, quando a tragédia completou um ano. Cerca de duas horas após o ato, o Executivo mandou pintar de preto a via, cobrindo os desenhos e despertando indignação nos familiares. À tarde, as silhuetas foram repintadas e devem ser novamente cobertas nesta sexta-feira, conforme promete a prefeitura. Apesar dos conflitos, o dia 27 também foi marcado por missa e o tradicional minuto do barulho.

Por volta das 11h30min desta quinta-feira, cerca de 15 familiares de vítimas se dirigiram até o prédio da SUCV e iniciaram a manifestação. Nove corpos, o número 242, uma cruz e um “fora! S.”, em referência a Schirmer foram pintados em lembrança aos mortos, pedindo justiça e demonstrando rejeição ao prefeito. A intenção, afirma um dos integrantes do movimento e pai de vítima, Flávio da Silva, era não deixar a tragédia cair no esquecimento. Com megafone, eles ainda mandaram mensagens de repúdio ao chefe do Executivo.

– Não vão nos calar. Vamos intensificar os atos e pressionar por justiça – afirmava Flávio.

O ato durou cerca de 40 minutos, e o trânsito ficou trancado na Rua Venâncio Aires. Alguns motoristas rejeitaram o ato e reclamaram, outros pedestres apoiavam e integravam o movimento. Schirmer saiu 10 minutos após o fim do ato e entrou no carro oficial, estacionando em frente ao prédio da SUCV.

Duas horas depois, a prefeitura mandou pintar de preto os desenhos. Em nota oficial emitida na tarde de quinta-feira, foi afirmado que a Secretaria de Mobilidade Urbana realizou a “recuperação do dano causado à via pública por inscrição indevida e ilegal”. O texto também afirmava que o titular da Pasta, Miguel Passini, adverte que o ato é ‘uma ilegalidade, (e) uma ação desse tipo sofrerá responsabilização’.

Em entrevista ao Diário, Passini afirma que não responsabilizará ninguém pelo ato. Ele também explicou que os desenhos foram removidos porque atrapalhavam a sinalização, já que estavam entre duas faixas de segurança. Passini também assegurou que as pinturas são ilegais, já que não são autorizadas. Quanto às pinturas em frente à Kiss, ele afirma que não serão retiradas, pois não prejudicam em nada a sinalização.

– Toda manifestação é válida, desde que não modifique o trânsito – destaca o secretário.

A postura do Executivo foi encarada como provocação por integrantes do Movimento do Luto à Luta. À tarde, por volta das 17h30min, eles repetiram o ato da manhã e pintaram corpos na Rua Venâncio Aires. Dessa vez, foram 20 as silhuetas pintadas e os gritos de repúdio ao chefe do Executivo também aumentaram. Além das imagens, foi pintado sobre o asfalto a inscrição “Schirmer = kiss, a vergonha de Santa Maria”.

No início dessa segunda manifestação, duas pedras foram arremessadas contra o prédio da SUCV. No entanto, não foi possível identificar de onde elas teriam"

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