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'Não existia relação com familiares', diz Pozzobom sobre prefeitura e AVTSM

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Jorge Pozzobom (PSDB) assumiu a prefeitura de Santa Maria em 2017. O incêndio da boate Kiss estava prestes a completar quatro anos. Assumir a maior cidade da região significa demandas grandes, mas a maior para o primeiro mês tinha data marcada, 27 de janeiro.

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O próprio prefeito assume que havia ansiedade. Em entrevista ao Diário, no gabinete, Pozzobom conta como a prefeitura teve de criar uma relação praticamente inexistente com a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM). Ele relata a expectativa pelo júri. enquanto prefeito e advogado criminalista. Também relembra a atuação como deputado, ainda em 2013.

Diário - Como a prefeitura se colocou perante os familiares de vítimas e sobreviventes?

Jorge Pozzobom - Quando assumimos a prefeitura, não existia relação. O primeiro ato assinado foi a criação de um grupo de acolhimento. Não nos omitimos em nada. Tivemos momentos tensos, mas hoje a relação e a não omissão têm uma ponte que se chama confiança. Isso está consolidada. Todo dia 27, damos o apoio logístico. A prefeitura não se mete em nada. Eles dizem o que precisam, e nós damos o apoio.

Eu não deixaria minha vontade, seja como prefeito ou cidadão, ser maior que da associação. Tem que ter solidariedade, amor, respeito. Paciência, sim. Para entender. E empatia. Temos que entender o que um pai e uma mãe sofrem.

Diário - O que eram os momentos mais tensos?

Pozzobom - Entre a prefeitura e a associação acho que isso é natural. E eu reconheço muito o esforço da prefeitura em criar relação no começo do mandato. Os momentos tensos que nós tivemos são aqueles que chegavam alguns dos membros da associação, que começavam a lembrar de tudo que aconteciam, né? Mas eu quero pegar esse exemplo de confiança que criou e passar para todos os outros prefeitos que vierem para Santa Maria.

Diário - Como prefeito e como advogado criminalista, qual a expectativa para o júri?

Pozzobom - Muita gente já se meteu (nessa relação jurídica), muita gente abriu isso criou angústia, criou coisas. Então essa relação jurídica eu não vou me meter nisso aí. Tem a Justiça lá para fazer, vai ter os jurados que representam a sociedade. Me perguntaram o que eu acho do júri sair Santa Maria e ir para Porto Alegre. Não tem o que eu achar. A Justiça não cabe a mim dizer o que que é essa situação. Então, o que todos nós queremos é que ao final seja feito justiça. Este o sentimento que as pessoas falam. E eu vou estar torcendo que seja feito justiça, pois é investigado;

Diário - E o que é justiça nesse caso?

Pozzobom - Para os pais, é a condenação de todos eles. Mas eu não quero me meter nessa questão de ser condenado ou não ser condenado, porque pode ser que um jurado entenda que não tem que ser condenado, tem que ser os outros condenados. E não sou jurado, né? Então essa relação do júri, esse processo, eu não quero e não vou me meter, porque qualquer coisa falada, eu vou atrapalhar. O júri está lá de ter consolidado, já começaram a fazer o sorteio dos jurados. Então, a minha missão aqui é cuidar dessa gente, né? Então essa é a minha maior missão, né? Não que eu não queira me omitir dessa situação, mas é a missão do prefeito. Eu não sou só o Jorge, né? Eu sou o prefeito da cidade e tenho que dar o exemplo de acolhimento, então é isso que nós vamos fazer.

Diário - Em 2013, o senhor, como deputado, teve de deixar a comissão montada para acompanhar a investigação do incêndio por ter sido advogado do Mauro Hoffmann, hoje réu do caso.

Pozzobom -  Eu era advogado da boate Absinto (que era de Hoffmann). Quando deu o fato, renunciei todos os processos. Eu não queria participar da comissão, estava muito abalado. O colegiado pediu. Eu não me omiti. Na verdade, teve uma questão política. Esperaram eu assumir a comissão para largarem para imprensa que fui advogado do Mauro, o que todo mundo sabia. Fiquei 10 anos advogando para o Absinto, que em questão de segurança nunca teve problema.

Diário -  Qual o futuro de Santa Maria pós-júri?

Pozzobom - O julgamento não vai acabar em dezembro. Vai ter recurso. Não sabemos quando vai acabar. Temos de estar preparados. Vai longe. Recurso de tudo que é lado. A missão é terminar o julgamento, sentar com as famílias e perguntar: "o que vocês querem que façamos?". Vamos acolher eles novamente. A decisão do júri será um novo marco para a cidade. Vamos se libertar. Em qualquer lugar, Santa Maria remete à boate Kiss. Como podemos superar? É uma dor do mundo inteiro.


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