júri da kiss

'Eu não acredito ser vítima do Marcelo e do Luciano', diz percussionista da Gurizada Fandangueira

Leonardo Catto

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: TJRS (Reprodução)

O último depoimento do sexto dia do júri do Caso Kiss é de Márcio André de Jesus dos Santos, 45 anos. Ele é irmão do réu Marcelo de Jesus dos Santos e foi convocado pela defesa dele. Márcio atuava como percussionista da Gurizada Fandangueira, que tocava na Kiss no momento em que o fogo começou.

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Ele relembrou os acontecimentos na madrugada de 27 de janeiro de 2013. Segundo o relato, foi por volta de 1h que ele voltou à boate para a apresentação. Foi descrito como a banda abria os shows, inclusive com utilização de artefatos pirotécnicos. Isso ocorria "quando permitido", conforme enfatizou a testemunha.

- O Luciano vinha e colocava luva no Marcelo. Aí na próxima música era para o disparo. Todo mundo fala que era na música do Naldo, mas nem sempre isso acontecia nessa música. Acontecia em outras também, normalmente nas que as pessoas queria ouvir. Eu vi uma coisa pegar e vi uma coisa, era um princípio de fogo, de uns 10 centímetros - explicou, misturando como funcionava o começo do show com a apresentação específica da  madrugada do incêndio.

Márcio lembrou que foi um dos primeiros a ver o fogo. Ele contou que a música parou, e foi tentado apagar as chamas, mas os extintores não funcionaram.

- Um extintor grande, na mão de uma pessoa que possa usar, poderia ter controlado o fogo. É uma visão minha, após um curso de movimentação de produtos perigosos. Então eu acho que se usasse o extintor intermitente, ia dar tempo de apagar e as pessoas saírem - disse.

Ele também narrou a saída da boate. Márcio auxiliou o irmão a sair enquanto ele desmaiava, conforme o relato da testemunha.

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PIROTECNIA
O uso de fogos de artifícios foi tema recorrente no depoimento. Márcio contou que a utilização dependia do contratante. Na Kiss, ele falou que a banda já tinha tocado com uso de artefatos pirotécnicos.

- Nós nunca prestamos atenção nessa parte, se tinha espuma ou não. Era escuro o teto - diz Márcio.

Ao Ministério Público, Márcio reiterou que foi tentado usar o extintor pelo menos três vezes depois que o incêndio começou. Em resposta à promotora Lucia Callegari, ele contou que, no Absinto, por exemplo, não era utilizado a pirotecnia.

- Nunca prejudicou ninguém, nunca alguém pediu que a gente não usasse porque tinha queimado uma pessoa. Sentimos aquela sensação de impotência de não fazer nada. Quando descobrimos o extintor, era nossa luz. O Marcelo joga o microfone do chão para usar, achamos que ia apagar - contou.

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DOLO
Márcio também falou sobre os réus da banda não terem intenção de causar o incêndio. Ele explicou que deixou de prestar depoimento à justiça por não se considerar "vítima" do próprio irmão e de Luciano Bonilha Leão.

- Meu irmão e o Luciano estavam trabalhando. Jamais meu irmão iria querer minha morte. E o Luciano, pelo tempo que a gente conviveu, era um rapaz idôneo. Só que eles (a justiça) queriam me colocar como vítima do meu irmão, e eu não queria falar - lamentou.

A testemunha falou que ele e outros integrantes da banda não retornaram para o interior da boate para socorrer vítimas. Ele, porém, disse que prestaram socorro às pessoas que já estavam na rua.

QUESTIONAMENTOS
As perguntas das defesas iniciaram com a representação de Marcelo. O depoente falou sobre as mudanças na vida pessoal e financeira depois do incêndio. Ele definiu que "foi músico", no passado.

- Nós não tínhamos dinheiro para investir na banda, mas investíamos com trabalho - falou.

À defesa de Luciano, Márcio falou sobre ter confiança na índole do réu. O advogado Jean Severo teve postura exaltada em relação ao MP enquanto fazia perguntas à testemunha.

A representação de Mauro Hoffmann voltou a perguntar sobre os acontecimentos da noite de incêndio. Márcio relembrou sobre tentativas de uso do extintor. A defesa do outro ex-sócio da boate, Elissandro Spohr, não fez perguntas à testemunha.

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