Júri da Kiss

'Eu era um prisioneiro do meu corpo', lembra sobrevivente sobre momento em que acordou no hospital

Arianne Lima

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: TJRS (Reprodução)

O sobrevivente Delvani Brondani Rosso, 29 anos foi a segunda pessoa a ser ouvida no quinto dia do júri do Caso Kiss. A oitiva durou cerca de 44 minutos. O depoimento foi um dos que mais causou emoção a quem acompanha o julgamento, no plenário ou pela transmissão.

FOTOS: o quinto dia do júri da Kiss em imagens

Segundo Delvani, ele e o irmão, Jovani Rosso, que estavam em Santa Maria a passeio, pretendiam ir ao Absinto Hall a convite de um amigo na noite de 26 de janeiro de 2013. Como a boate estava fechada, o trio e mais quatro pessoas decidiram ir para a Kiss. A longa fila e a alta lotação do local foram citados pelo sobrevivente. Delvani descreve o momento em que um jovem teria pulado próximo ao bar e gritado que havia fogo no local.

- Nós nunca pensamos que seria tão sério. Entrelaçamos os braços para não se perder e fomos caminhando muito devagar, porque era muita gente na frente. Quando passamos do canto da copa, na primeira perto do aquário, as pessoas começaram a ficar mais agitadas. Eu comecei a ouvir gritos e começou a ficar mais intenso o empurra-empurra - relembra o jovem, que se perdeu o grupo. 

Ex e atual presidente da AVTSM se encontram em Porto Alegre e falam sobre o júri

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: TJRS (Reprodução)
Durante o depoimento, Delvani mostrou marcas de queimaduras nas costas

O sobrevivente ressalta que, mesmo com a situação, sempre acreditou que sairia da Boate. 

- Era a minha segunda vez na boate e eu tinha uma noção da onde tinha entrado. Eu tracei uma linha imaginária até a porta. Quando eu percorri mais esses três metros, eu não sei se deu um curto circuito, mas as luzes se apagaram e eu comecei a enxergar a fumaça. A sentir o odor de fumaça. Muito empurra-empurra, mas eu sempre pensei que iria conseguir sair - afirma Delvani.  

Delvani afirmou ter sido tirado de dentro da boate pelo irmão. Ele acordou fora da Kiss e só lembra de ter acordado no Hospital de Pronto-Socorro (HPS), em Porto Alegre. Apesar de não ter lembrado quando acordou no hospital, a descrição de Delvani era detalhista e transmitia angústia na sua fala.

- Eu não podia falar que estava com muito calor e acabei desmaiando. Eu acordei enfaixado, imóvel. Eu era um prisioneiro do meu corpo. Eu só conseguia pensar, tentar entender tudo que acontecia comigo, o porquê de tanta dor, tanto sofrimento, cheio de sonda, cheio de aparelho, imóvel, só conseguia olhar. 

De propaganda de livro a presença de um dos criminalistas mais renomados: veja bastidores do júri da Kiss

Ainda no hospital, Delvani foi informado pelo irmão sobre a morte de três amigos na tragédia. Durante o depoimento, ele mostrou as marcas deixadas pelo fogo. Delvani teve 50% do corpo queimado, principalmente braços e costas.

- Demorou muito tempo para eu conseguir digerir tudo isso. Tanta dor, tanto sofrimento. Mas, graças a Deus, estou aqui - disse.

QUESTIONAMENTOS
O Ministério Público (MP) fez perguntas similares a do juiz Orlando Faccini Neto. As defesas se abstiveram dos questionamentos, com exceção dos representantes de Elissandro Spohr.

A defesa do réu ex-sócio da boate perguntou a Delvani sobre a atuação dos bombeiros diante do incêndio. Ele relembrou o que sabia da noite, mas disse não ter tantas memórias sobre isso.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

FOTOS: o quinto dia do júri da Kiss em imagens Anterior

FOTOS: o quinto dia do júri da Kiss em imagens

Próximo

auhuhua

Geral