Com o aumento da renda do trabalhador, nos últimos anos, fazer pesquisas de preços virou um hábito cada vez menos comum. Boa parte dos consumidores ficou mais exigente. Mesmo assim, quem manteve o hábito de pesquisar costumou focar mais em comparar produtos como alimentos, gasolina e eletrodomésticos.
Porém, quando se trata de contratar serviços, fica mais difícil sair comparando valores. Até porque, dependendo do conserto ou trabalho a ser feito, há tanta procura que os prestadores não dão conta de atender todos os pedidos, gerando fila de espera. Em alguns casos, chega ao ponto de o cliente precisar quase implorar para ser atendido. Essa grande demanda encorajou os prestadores de serviços a, nos últimos anos, reajustar os preços acima da média da inflação de outros setores.
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Em Santa Maria, os serviços tiveram alta média de 118% nos últimos nove anos, enquanto a média da inflação na cidade foi de 67% nesse mesmo período. E no Brasil, mesmo com um ano de baixo crescimento em 2014, a inflação dos serviços tiveram alta de 8,32%, segundo o IPCA. Porém, agora, em época crise econômica, chegou a hora de reavaliar e conter gastos.
Sai pesquisa do preço da gasolina no jornal, e posso ir no posto mais barato. Mas, nos serviços, não temos condições de pesquisar. Muitas vezes, o prestador aumenta o valor na intuição, sem se basear em índices de inflação. Então, muitas vezes, os aumentos são muito grandes e ninguém vê afirma o professor de Economia da Unifra e coordenador da pesquisa do Índice do Custo de Vida de Santa Maria (ICVSM), que mede a inflação na cidade, Mateus Frozza.
Segundo dados do ICVSM, o serviço campeão de aumento de preço na cidade foi o de estacionamento privado, com alta de 350% desde janeiro de 2006, quando o índice começou a ser calculado. O aumento exorbitante da frota de veículo, a expansão de faixas de proibido estacionar em algumas ruas e a nova lei, de 2014, que mudou a forma de cobrança dos estacionamentos, contribuíram para essa grande variação.
Mensalidade nas alturas
A professora de dança Eliane Bortolini mora no Centro e deixa os dois carros da família em um estacionamento particular na Rua Coronel Niederauer. Ela conta que a mensalidade, que era de R$ 150 no início de 2014, acabou tendo dois reajustes no ano passado. Primeiro, pulou para R$ 180, e quando entrou em vigor a lei que obrigou os estacionamentos a cobrarem em frações de 15 minutos, o preço mensal saltou para R$ 200. Para os dois carros, o valor por mês subiu de R$ 300 para R$ 400.
Está muito caro. Esse aumento de R$ 150 para R$ 200 por carro pesa bastante no bolso. E tudo em si está subindo um absurdo. Foi-se o tempo da inflação baixa. Cada vez que a gente vai no supermercado, sai apavorada. Com esse aumento recente da luz, já começamos a reduzir o tempo do banho e, toda vez que saímos de um lugar, desligamos a luz conta.
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Vai demorar para a estabilização dos preços
Algumas consultorias nacionais projetam que a inflação dos serviços continuará alta em 2015, ficando entre 7,3% e 9% no país. Essa alta ainda será impulsionada pelos aumentos expressivos dos combustíveis, da energia elétrica e dos reajustes salariais que pesam nos custos dos serviços.
A perspectiva dos analista é que os serviços só devem ter uma freada na alta a partir da metade do ano ou em 2016, quando a economia do país tiver assimilado os efeitos da alta dos juros e dos impostos adotados para controlar a alta da inflação.
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