opinião

Colunista analisa o corte de mais de 400 vagas no comércio de Santa Maria

Deni Zolin


Foto: Lucas Amorelli (Arquivo Diário)

O saldo negativo do corte de 462 empregos só no comércio de Santa Maria no acumulado de janeiro a julho revela um cenário preocupante e é um dos reflexos da crise que afeta vários segmentos do varejo. É comum ouvir lojistas reclamando do movimento baixo. Esse corte já anula quase todo o crescimento ocorrido em 2017, quando o comércio criou 689 novos empregos - boa parte em função da abertura de cerca de 70 novas lojas no novo shopping e da abertura de um novo supermercado no ano passado, que criou 150 empregos.

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Isso é reflexo de uma realidade quase óbvia: o problema do comércio é que ele é limitado na geração de mais renda e riqueza num município. Novos empregos no varejo até colocam mais trabalhadores com renda para consumir, mas o valor agregado é baixo se comparado com indústria, por exemplo. Se o público consumidor ou a renda geral na cidade não tiveram crescimento expressivo, a abertura de mais lojas acaba dividindo o público. As novas empresas tiram alguns clientes das outras, e daí muitas das novas e das antigas sofrem com redução das vendas e começa a haver cortes de empregos. 

Outro fenômeno é que grandes redes conseguem racionalizar gastos, centralizando setores administrativos em suas sedes, gerando menos empregos em suas filiais, aqui na cidade. Além disso, tem crescido cada vez mais o comércio online, com muita gente daqui comprando desde livros, eletrodomésticos e eletrônicos até roupas e calçados pela internet. Tudo isso impacta nas vendas na cidade e na geração de empregos, renda e impostos. E para completar, o parcelamento salarial do Estado e os gastos extras com gasolina e luz tem retirado renda das famílias que poderia ser gasta no comércio.

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Por mais indústrias e tecnologia
Por isso que é fundamental ocorrer, em Santa Maria, o fortalecimento do setor industrial e das empresas de tecnologia. É que elas geram produtos ou serviços que agregam mais valor e podem ser vendidos para fora daqui, para outras cidades, Estados ou países - ou seja, indústrias e empresas que criam softwares, por exemplo, geram mais empregos na cidade, mas geralmente não competem entre elas, mas com empresas de outros Estados ou países.

Expectativa de retomada
Na avaliação do presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul - FCDL-RS, Vitor Koch, o corte de 954 empregos no comércio de todo o Estado em julho é um fenômeno que já costuma ocorrer nesta época do ano, até devido à queda de consumo provocada pelas férias escolares. Porém, ele acredita que deve haver uma retomada na geração de empregos no comércio a partir de setembro, até o final do ano, devido às vendas de final de ano. Vamos torcer!

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