O extremismo, definido como soluções extremas e radicais para lidar com problemas sociais, exerce um impacto profundo na mente humana a ponto de adoecê-la. No documentário The Brainwashing of My Dad (2015), observa-se como a exposição contínua a narrativas extremistas em redes sociais pode transformar pessoas em indivíduos irritados, agressivos e desconfiados, incapazes de dialogar até com familiares e amigos.
Esse processo, marcado pela repetição de mensagens extremistas e pela promoção de teorias da conspiração, isola a pessoa de suas relações sociais e prejudica sua saúde mental, levando a rupturas pessoais e até a comportamentos perigosos, como no caso de Francisco Wanderley Luiz, cuja radicalização, segundo testemunhas próximas, culminou em sua morte em Brasília no último 13 de novembro.
É atribuído a Carl Jung a frase “Pessoas não têm ideias, ideias têm pessoas”. Este conceito parece valer na presente situação. O extremismo aliena o indivíduo, comprometendo sua funcionalidade na sociedade e colocando sua vida em risco.
Teorias da conspiração: do indivíduo à sociedade
As teorias da conspiração alimentam movimentos extremistas e possuem impactos que vão do nível individual ao societal. Segundo artigo publicado na Nature Human Behaviour, fatores como desconfiança, baixa tolerância à incerteza e validação grupal aumentam a predisposição a essas crenças. No nível coletivo, grupos reforçam essas narrativas, criando um senso de pertencimento enquanto ampliam sua disseminação.
Em contextos nacionais, crises políticas e econômicas intensificam a busca por explicações simplistas para problemas complexos, fortalecendo movimentos extremistas que se utilizam dessas teorias para consolidar poder e justificar ações radicais. No Brasil, exemplos incluem a difusão de ideias deliroides, como as propagadas por movimentos antivacina e a crença em um golpe comunista iminente, ambas corroendo a confiança nas instituições democráticas e na ciência.
Malefícios do extremismo para a sociedade
A adesão a ideologias extremistas não apenas prejudica indivíduos, mas também a sociedade. No mundo, diversos exemplos podem ser citados, como guerras causadas por extremismo religioso, genocídios, entre outros. No Brasil, estudos revelam que municípios com maior apoio eleitoral a Jair Bolsonaro em 2018 tiveram taxas mais altas de mortalidade por COVID-19, possivelmente devido à desconfiança em medidas sanitárias promovida por narrativas extremistas (como campanha contra uso de máscaras).
Além disso, o plano golpista de 2022, com ações violentas contra representantes eleitos de acordo com a Polícia Federal, evidencia os riscos que essas ideologias representam para a vontade popular e a estabilidade social. A longo prazo, países que permitem a ascensão do extremismo enfrentam desafios econômicos e sociais, como a fuga de investimentos e a erosão da confiança em suas instituições, pois são alguns dos perigos inerentes de se atribuir muito poder a poucas pessoas. Rejeitar o extremismo é, portanto, essencial para proteger as pessoas, um esforço que conta com o apoio de iniciativas da UNESCO e das Nações Unidas.