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Hospital de Santa Maria adia cirurgias eletivas por causa de greve de técnicos em enfermagem

Hospital de Santa Maria adia cirurgias eletivas por causa de greve de técnicos em enfermagem

Foto Beto Albert 12/08/24

O Complexo Hospitalar Astrogildo de Azevedo, de Santa Maria, adiou as cirurgias eletivas (não urgentes) desta sexta (22) e sábado (23) por conta da greve iniciada pelos técnicos de enfermagem nesta quinta (21). A medida foi tomada para garantir um atendimento adequado aos pacientes, já que boa parte dos trabalhadores está de braços cruzados. O hospital diz que espera que a situação se resolva o mais rápido possível e que está fazendo o possível para minimizar eventuais dificuldades no atendimento de quem está internado.

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Segundo Ângela Perin, diretora executiva do Complexo Astrogildo de Azevedo, a paralisação tem a ver com uma negociação antiga. Em entrevista à Rádio CDN, às 10h30min desta sexta (22), ela explicou o que ocorreu:

- O dissídio dos funcionários sempre ocorre em setembro. Desde ano passado, quando foi criado o piso da enfermagem, em setembro de 2023, passou toda a questão do dissídio para a Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul, porque ela que negocia com o sindicato. Então, no ano passado, o hospital começou a pagar o piso salarial. Mas depois, houve um entendimento do STF de que o piso salarial não seria só o salário base, mas que seria toda a remuneração que as empresas pagam. No nosso caso, seria incluir a produtividade, a insalubridade. Mas mesmo assim, o hospital continuou pagando só como se fosse o salário base, mas numa rubrica separada. Então, esse dissídio do ano passado ficou pendente de acerto a parte da enfermagem, o piso dos técnicos. E agora chegou setembro de novo e eu tenho 1.735 funcionários. A gente não tem somente técnicos, mas também o pessoal da higienização, da copa, que eu tenho de repassar o dissídio em setembro, e nós não conseguimos fazer isso em setembro. Então, na terça (19) agora, chamamos o sindicato para negociar e ver se negociava essa situação. Então, conversamos na terça de tarde e não houve nenhum acordo. Como na quinta de manhã, tinha uma mediação do Tribunal do Trabalho, através da Federação dos Hospitais e o sindicato, a gente marcou outra reunião ontem (quinta) de tarde. Nessa mediação de quinta de manhã, a grande maioria das cláusulas foi acertada, então eu já consigo pagar o dissídio, numa folha complementar ou junto com o 13º, da diferença do salário de setembro e outubro para o pessoal da copa e da higienização, os técnicos. Mas a questão da greve se refere especificamente aos técnicos de enfermagem. Então, como haveria essa reunião do Tribunal pela manhã, marcamos outra reunião com o sindicato de tarde, às 14h30min, mas infelizmente o sindicato não compareceu e deflagraram uma greve.

 
A diretora do hospital acredita que o impasse será resolvido em breve e admite o impacto nos atendimentos dos pacientes internados.

- A gente está tentando contornar tudo isso (dificuldade para atendimento). Como na última folha a gente não pagou a diferença, mas teve a reunião na terça no sindicato e na quarta a gente falou com a provedoria, a gente já retornou esse pagamento ontem (quinta). Então, toda nossa folha de pagamento está absolutamente paga. E o dissídio, se tem alguma questão a mais, ele está sendo julgado por meio da Federação dos Hospitais do RS. A gente está com as obrigações totalmente em dia, a gente nunca atrasa a folha, numa atrasa fundo de garantia, o nosso dissídio está sendo contemplado - afirmou Ângela.

 
Segundo ela, com a falta de técnicos, foi preciso adiar todas as cirurgias eletivas desta sexta (22) e sábado (23). A diretora reforça que todos os pacientes estão sendo avisados pelo setor de internação do hospital sobre os adiamentos e que, nesta sexta, não estão sendo marcadas novas cirurgias eletivas. O hospital está pedindo que secretárias de médicos voltem a entrar em contato a partir de segunda-feira. Ângela não sabe o número de cirurgias adiadas, mas garante que as cirurgias urgentes e os atendimentos no pronto-socorro estão normais.

 
- No meu ponto de vista, diferentemente de qualquer outra empresa ou de uma fábrica, aqui a gente está lidando com pessoas e vidas. A saúde das pessoas. Então, a gente precisa que os funcionários estejam aqui, porque as pessoas precisam ser bem atendidas. A gente entende o direito dos funcionários de fazer a greve, só que esse direito não é absoluto, porque os pacientes não podem ser prejudicados. Claro que está interferindo (nos atendimentos). Todas as cirurgias eletivas, a gente cancelou, porque eu não quero fazer uma cirurgia eletiva, mesmo que não seja de urgência, pensando que talvez o nosso paciente não seja bem atendido - declarou Ângela.


O QUE DIZ O SINDICATO

 A presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde, Rosa Helena Aires Teixeira, respondeu, por mensagens de áudio, na manhã de sexta (22), que não há previsão de fim da paralisação.


- Não existe menor possibilidade de o pessoal sair da greve sem retorno satisfatório da administração. Ontem (quinta), eles falaram que iria depositar a diferença que foi retirada do contracheque, só que alguns receberam um valor menor do que foi retirado. A situação continua a mesma. Dos técnicos, 30% tem de trabalhar, a gente não pode desassistir totalmente. Mas os técnicos de enfermagem, praticamente todos aderiram à greve. São em torno de 700 a 750 técnicos em enfermagem - disse Rosa.

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Deni Zolin

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