O Rio Grande é bem maior do que qualquer disputa política

O Rio Grande é bem maior do que qualquer disputa política

Foto: Ricardo Stuckert (Divulgação)

A escolha do ministro Paulo Pimenta (PT) para assumir a Secretaria Extraordinária da Presidência de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul pelo presidente Lula não teria agradado ao governador Eduardo Leite (PSDB) e o seu entorno. 



Publicamente, o desconforto foi externado pelo presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, ex-governador de Goiás, que, em entrevistas a veículos do centro do país, afirmou que a nomeação “fica parecendo” ter caráter eleitoral para projeção com olho em 2026.

 
Ao mesmo tempo em que os tucanos entendem a importância da colaboração do governo federal com a reconstrução do RS, manifestam receio que a nomeação de uma autoridade federal poderia implicar na redução do papel de Leite ou até uma espécie de intervenção no Estado. Perillo disse, ainda, que viu com “estranheza” o fato de o governador não ter sido comunicado por Lula sobre a criação da secretaria, que tem status de ministério.

 
Tanto Leite (de jaqueta da Defesa Civil, na posse do ministro na secretaria) quanto Pimenta miram 2026. O governador mira o Palácio do Planalto, e o ministro, o Piratini ou o Senado, cargo que o tucano poderá vir a disputar, caso não concorra à Presidência. Contudo, neste momento, nada e muito menos a disputa eleitoral devem ficar acima da missão primordial que é reconstruir o Estado e ajudar sua população a se reerguer.


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O tucano é o primeiro governador reeleito da história do RS e terá a tarefa de liderar a reconstrução. Já o petista, que despachará em Porto Alegre, recebeu a missão mais importante e difícil: auxiliar a reerguer o seu Estado. No ato em que o governo federal anunciou novas medidas ao Estado, na quarta-feira (15), ambos fizeram manifestações de convergência.


Com certeza, terão maturidade política e habilidade para driblar qualquer disputa e ruído, além da burocracia. Se Leite e Pimenta falharem na missão, perde todo o Rio Grande do Sul. Como consequência, as pretensões eleitorais de governador e ministro também irão por água abaixo...


“Desde o primeiro momento, queria dizer publicamente, nós temos trabalhado em absoluta sintonia e parceria com o governo do Estado. O trabalho do governo federal é complementar e suplementar ao do governo do Estado e das prefeituras municipais.”


Paulo Pimenta, PT, secretário extraordinário da Presidência de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, sobre a relação com o Piratini e o seu papel no cargo.


“Nós estamos aqui para mostrar que não haverá diferenças políticas, não poderá haver diferença ideológica para superar o momento de união, que é de se atender as pessoas que mais precisam. Nós vamos estar juntos em favor delas”.


Eduardo Leite, PSDB, governador do Estado, em declaração durante ato, na quarta-feira, que o governo federal anunciou novas medidas para socorrer a população gaúcha.


“Eu não sou da política, sou do Direito, mas é muito importante ressaltar, neste momento, a presença do presidente da República e do governador do Estado. Acho que isso representa uma certa elevação do patamar civilizatório, que é a não politização de uma crise humanitária. Nós estamos aqui para ajudar as pessoas, cada uma dentro de suas competências”.


Luís Roberto Barroso,presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em manifestação durante sua visita ao Estado, junto com a comitiva do presidente Lula.


Desnecessário

Em longo discurso no ato de anúncio das medidas para o Rio Grande do Sul, o presidente Lula criticou as fake news envolvendo a tragédia no Rio Grande do Sul. Disse que, futuramente, os responsáveis pela divulgação de notícias falsas serão banidos da política.

 
Em outro trecho, fez críticas, indiretamente, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao dizer que, anteriormente, foi eleito “um incivilizado”. Lula acertou em combater as fake news sobre as inundações no RS, mas errou no tom ao criticar o adversário, já que não era o momento e muito menos um comício. Se ficasse limitado ao anúncio das medidas, sua manifestação seria mais receptiva e adequada.


Agenda seria cancelada

Devido ao desastre climático no Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cancelou sua vinda a Santa Maria, que ocorreria nesta sexta-feira, aniversário de 166 anos da cidade.

 
Mas mesmo se o Rio Grande do Sul não tivesse sido atingido pelas inundações, Bolsonaro teria cancelado agenda, já que está internado em hospital de São Paulo há mais de uma semana para tratar de uma infecção na pele (erisipela) na perna esquerda e de uma obstrução intestinal.

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