Após estragos causados pelas enchentes, só um trecho de ferrovia está em operação em todo o Estado

Após estragos causados pelas enchentes, só um trecho de ferrovia está em operação em todo o Estado

Foto: Divulgação

O Rio Grande do Sul e Santa Maria, que já foram referência nacional no transporte ferroviário, amargam uma situação extrema: depois das enchentes, em todo o Estado, só está em operação um trecho ferroviário, entre Cruz Alta e Rio Grande, com apenas seis trens por semana. A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Ferroviários do Estado (Sindifergs), João Calegari, durante entrevista ao programa F5, na Rádio CDN e TV Diário. 


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E o pior: dos 200 funcionários da Rumo Logística na região de Porto Alegre, cerca de metade foi transferida para o Paraná, e seis para Santa Maria – os demais estão sendo demitidos. É que, segundo Calegari, a Rumo desistiu de reconstruir trechos da ferrovia gravemente destruídos pelas enchentes em Rio Pardo e na Serra gaúcha.

 
– A Rumo só vai reconstruir esses trechos se houver a renovação do contrato de concessão, previsto para 2026 – alertou Calegari.

 
Entre os trechos que deixaram de operar devido aos estragos provocados pelas enchentes estão a linha entre Canoas e Santa Maria, que era usada para trazer combustível ao centro do Estado, o ramal que liga Porto Alegre a Santa Catarina e Paraná e o que transporta produtos petroquímicos entre a Capital e a fábrica da Braskem, no Polo Petroquímico de Triunfo.


Em azul, trechos bloqueados por estragos da enchente de maioFoto: Divulgação


Calegari comenta que, em anos anteriores, cargas de milho que não conseguiam ser escoadas pelo porto de Paranaguá (PR) eram trazidas por ferrovia aqui para o Estado, sendo levadas para serem escoadas pelo Porto de Rio Grande. Porém, esse e os demais trajetos estão interrompidos e não há previsão alguma de retomada dos trens.

 
– O único trecho em operação atualmente é de Cruz Alta a Santa Maria, Cacequi e Rio Grande. São seis trens por semana, para levar grãos ao porto. De Cacequi a Uruguaiana, também está fora de operação. A situação é grave. A ferrovia para o Mercosul, para a Argentina, está totalmente fechada há 10 anos. O arroz era transportado de Alegrete para Ourinhos (SP), e a Rumo simplesmente rompeu o contrato e deixou de transportar – lamenta.

 
200 funcionários em santa maria
Como esse é, atualmente, o único trecho em uso em todo o Rio Grande do Sul, o presidente do sindicato diz que os 200 funcionários da Rumo em Santa Maria seguem trabalhando normalmente e não foram afetados por cortes ou transferências. Inclusive porque aqui na cidade é feita a manutenção dos poucos trens que restaram.


De 3,2 mil km para só 900 km em uso

Em linhas cinzas, trechos já abandonados pela Rumo há anosFoto: Divulgação


Calegari diz que iria procurar ajuda do governo federal para tentar intervir nessa situação, diante da gravidade da falta de trens. Ele lembra que, antes mesmo das enchentes, o Rio Grande do Sul já havia perdido.

 
– O Rio Grande do Sul tinha 3.282 km de linhas funcionando quando foi feita a entrega da privatização. Hoje, até antes de toda essa situação climática, nós não tínhamos operando nem 900 km de linhas. Hoje, temos só o ramal de Cruz Alta a Rio Grande operando. O prejuízo da malha ferroviária do Rio Grande do Sul após a privatização, se comparado com as concessões de outros Estados, é muito grande. Se pegar o desenho da malha ferroviária no Estado, hoje tem bairros construídos em cima de trechos de ferrovias – diz.

 
Questionado se há alguma informação sobre quais são os planos do governo federal para a renovação da concessão da Malha Sul da ferrovia (RS, SC e PR), Calegari afirmou que é tudo muito obscuro:

 
– A Rumo vai botar em dia todas essas linhas que foram abandonadas? Eu tenho minhas dúvidas.

 
Ele também não fala sobre os antigos planos de construir a ferrovia Norte-Sul aqui no Estado, que seria uma esperança de tornar o modal mais competitivo, com bitolas mais largas, o que permitiria viagens mais rápidas.


Questionado sobre a situação das ferrovias, o ministro da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, disse que iria averiguar a situação. A coluna também questionou o secretário estadual da Reconstrução, Pedro Capeluppi, que não respondeu até o fechamento desta edição.

 
Já a Rumo Logística, que opera a ferrovia, respondeu de forma genérica.


O que diz a Rumo

“A empresa está mobilizada no levantamento e avaliação de todos os danos causados pelas chuvas que impactaram o Estado. Dada a complexidade e abrangência da situação, ainda não é possível estimar prazos sobre os procedimentos necessários. Nesse sentido, estão sendo oferecidas oportunidades de realocação para outras funções e/ou localidades a todos os colaboradores cujas atividades estão interrompidas desde o final de abril, em condições atrativas para preservar a empregabilidade, em condições específicas negociadas com sindicato. A empresa segue em diálogo com o governo federal (poder concedente) e demais autoridades competentes do setor para avaliação conjunta do cenário”.

 

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