O Brasil tem expandido rapidamente a oferta de cursos de medicina. Eram 304 mil em 2010 e passaram para 576 mil em 2024. Segundo a Portaria nº 531/2023, para abrir um curso de medicina, a instituição deve ter um hospital com pelo menos 80 leitos e, no mínimo, três programas de residência médica. A residência médica é a melhor forma que o médico tem para se especializar em uma determinada área, como cirurgia, pediatria, cardiologia, etc., e duram de 2 a 6 anos.
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No entanto, há 210 mil médicos generalistas, mas apenas 47,7 mil cursam residência. Enquanto o número de estudantes de medicina cresceu 71% desde 2018, a oferta de residência médica aumentou apenas 26%, resultando em uma defasagem crescente. Além disso, 14 especialidades reduziram vagas de residência médica, e 20% das vagas permanecem ociosas.
Se essa tendência continuar, o Brasil terá um dos maiores contingentes de médicos do mundo, com qualidade bastante variável, o que pode acarretar em aumento de custos e baixa resolutividade devido a formação duvidosa.
Aborto e mortalidade infantil
Nos últimos anos, a proibição do aborto em diversos Estados norte-americanos tem causado um impacto significativo na mortalidade infantil. Um estudo publicado no JAMA, há uma semana (Gemmill e colaboradores), analisou 14 Estados que adotaram restrições severas e encontrou um aumento de 5,6% na taxa de mortalidade infantil, resultando em 478 mortes adicionais de bebês.
O efeito foi mais grave entre recém-nascidos negros, cuja mortalidade subiu quase 11% acima do esperado, e entre bebês com anomalias congênitas, cujo índice de óbitos aumentou 10,87%. O Texas, que implementou uma das primeiras e mais rígidas proibições, teve o maior impacto nas estatísticas.
As restrições ao aborto podem agravar desigualdades na saúde materno-infantil, limitando o acesso a cuidados para gestações de risco e forçando a continuidade de gestações inviáveis. O estudo alerta para as consequências dessas políticas, que podem reverter décadas de progresso na redução da mortalidade infantil nos EUA.
Mais sobre uso de cannabis e saúde mental
O consumo de cannabis na adolescência pode estar relacionado a maior risco de depressão e suicídio, segundo um estudo publicado na JAACAP Open (Hinckley e colaboradores, 2023). A pesquisa, que analisou mais de 10 mil adolescentes, encontrou que jovens que usaram cannabis tinham 2 vezes mais chance de desenvolver depressão moderada e 3,3 vezes mais chance de depressão severa. O efeito era mais intenso entre aqueles que usavam a substância com maior frequência.
Esses efeitos não ocorrem imediatamente, mas com o passar do tempo e continuidade do uso. O estudo reforça a necessidade de políticas públicas para informar sobre os riscos do uso precoce de cannabis e ampliar o acesso a suporte psicológico para jovens. O aumento da regulamentação do uso ou legalização da substância, importante para combater o crime organizado e homicídio, não deve ser acompanhado da diminuição da percepção de risco que ela apresenta para os usuários.
Especialistas apontam que há exemplos que podem auxiliar na redução do consumo da cannabis, como a políticas para redução do tabagismo no Brasil.