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Sectarismo está na moda

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Preocupa a onda de movimentos políticos sectários, que rechaçam o diferente, negam evidências, não se pejam de odiar pelo simples deleite de odiar.

Somente a lucidez pode enfrentar esta onda. Entendendo o mecanismo de um grupo sectário, não se pode querer enfrentá-lo com outro sectário.

Toda e qualquer afirmação sectária deve ser rebatida racionalmente, sem qualquer tolerância com os intolerantes; quem cede nas palavras terminará por ceder, aos poucos, também nos atos que foram antes ditos em palavras. E estas palavras são ditas para servirem de baliza interna corporis aos seus sectários e, a título de provocação, para os demais. A racionalidade é a arma contra qualquer fundamentalismo.

Os sectários, em geral, são indivíduos recalcados, com sentimento individual de inferioridade, que compensam pelo fervor em torno de um time, de uma religião, de um partido, ou de qualquer outro grupo que lhe dê a sensação de segurança diante de um fetiche (o grupo, o líder) que satisfaça sua necessidade de reconhecimento próprio. Assim, buscam dar sentido a sua existência inferior e vazia, o sectário dilui-se no grupo, esquece sua consciência moral e sua responsabilidade e a sensação de pertencimento ao grupo lhe dá tanto prazer que poderá sacrificar seus próprios interesses pessoais ao interesse do grupo.

O sectário pode ser um indivíduo instruído, mas o gosto pelo grupo pode fazê-lo um bárbaro, proporcionando a vazão de seus instintos mais animalescos, pois nestes grupos sectários a excitação vem de estímulos desarrazoados, que não precisam de nenhuma ponderação racional/argumentativa, basta frases de efeito, imagens fortes, exageradas e repetidas sempre e muitas vezes.

Estimulado, o grupo sectário fica desprovido de razão crítica, o absurdo não existe. O que é suspeita logo se transforma em certeza irrefutável e uma antipatia qualquer cresce ao ponto de se transformar em ódio.

Por irracional que seja, nestes grupos sectários, ideias antagônicas podem coexistir e serem defendidas, sem que a contradição seja compreendida (ou se compreendida, não é admitida).

O sectário precisa de algo ou alguém para ser o foco de seu ódio. Gerado o ódio está criado o caldo de cultura sobre o qual o grupo irá crescer.

Nosso tempo está marcado pelas ideias e comportamentos intolerantes com qualquer divergência.

No Brasil, o ódio ao PT/Lula uniu um movimento que hoje assusta pela falta de empatia, pela virulência das manifestações e pelas práticas de enfrentamento do diferente. O Lulismo resiste usando um discurso reativo dentro de uma lógica própria, que emula sua militância baseada em certezas dogmáticas, que muitas delas, examinadas sistematicamente, mostram-se incongruentes.

Resta-nos, aos mais lúcidos, manter a racionalidade e esperar que esta moda sectária passe logo

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