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Recicle no laranja: a responsabilidade que me cabe

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Não se aproveitou nada da primeira coleta dos contêineres laranja. As imagens mostraram que os resíduos recicláveis, os únicos que deveriam estar ali, estavam misturados a restos de alimentos, papel higiênico usado, fezes de animais e por aí vai. As justificativas mais utilizadas para explicar o fracasso se referem ao número de contêineres e às campanhas de informação, ambos insuficientes. Concordo que se houvesse um conjunto de contêineres em cada esquina facilitaria o descarte. Evitaria a caminhada até o local destinado. Reconheço que cem contêineres, em vez de 50, trariam mais facilidade.

Por outro lado me questiono: mas ao fazer uma compra, na maioria das vezes, não nos deslocamos até o local de venda? O mesmo não vale para ir ao cinema, ao restaurante, à escola? Por que esta lógica não vale também para os resíduos? Por que para resíduos só valem as condições ideais? Será que não vemos como nossa a responsabilidade pelo lixo gerado? Somos responsáveis sim. O lixo gerado é fruto das nossas escolhas, do nosso consumo. O lixo nos revela. Ao mesmo tempo, não deixo de reconhecer que o poder público é parte deste processo.

Até parece que não vemos benefício pessoal com a separação correta do lixo. O maior ganho é a nossa própria saúde. Não há saúde sem meio ambiente saudável. O surto de dengue e de toxoplasmose em Santa Maria comprovam e provam esta afirmação. Não será este um benefício suficientemente forte e significativo para que a separação seja feita corretamente? Há também quem sobreviva com a separação que fazemos, no caso as associações de catadores. É preciso enxergar além do simples descarte.

Outro motivo atribuído ao fracasso da primeira coleta foi a falta de uma campanha contundente. Há mais de 40 anos, acompanho ações de educação ambiental em escolas, tanto públicas quanto particulares. Santa Maria faz um lindo trabalho junto às escolas municipais. Minha experiência e vivência profissionais permitem afirmar que o processo de educação ambiental é lento, mas não é indeterminado, tampouco infinito. Nos tempos atuais, falar que alguém desconhece a importância da separação de resíduos, é uma inverdade. Sempre há alguma campanha sendo veiculada nos órgãos de comunicação, por mais distante que seja do ideal. As redes sociais, os noticiários nos bombardeiam, diariamente, com previsões ambientais catastróficas e sobre o nosso papel para evitar que elas se concretizem.

Concordo que campanhas necessitam ser permanentes. Por outro lado, informações também precisam e podem ser buscadas. Não são assimiladas por osmose. Me permitam discordar das razões apontadas, mesmo reconhecendo a sua importância. Os motivos para mim são a falta de cidadania, de senso coletivo, de empatia e de responsabilidade, valores inerentes à vida em sociedade. Cada um é parte do todo e o todo só funciona se todas as partes assumirem o seu papel. Chega de empurrar para os outros a responsabilidade que me cabe.

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