colunista do impresso

Que absurdo, senhor senador

data-filename="retriever" style="width: 100%;">É um absurdo um senador da República colocar uma retroescavadeira contra seres humanos, sejam eles presos, menores infratores, professores grevistas, LGBTs ou policiais militares em paralisação, mas os absurdos não param por aí. Parece que nosso país está se pós-graduando em situações como essa. Agora, para completar os estereótipos de nossa classe política, além de quadrilha de ladrões, irresponsáveis com o dinheiro público, que tira de crianças, velhos, doentes e hospitais e educação, temos um senador que faz uma tentativa de homicídio ao vivo e a cores. E é defendido com o argumento de que não poderiam ter atirado nele (concordo, a violência é um péssimo caminho, mas, por favor...). Aqui, de forma especial, quero colocar o direito à defesa, à autopreservação, lembrando que é só ver as imagens do episódio, temos familiares dos policiais entre os manifestantes. A meu ver, esses policiais que atiram - vejo que foram bem treinados - realmente não queriam machucar o senador Cid Gomes. Se quisessem, teriam feito. Um grupo de policiais armados errando tiros que poderiam ser certeiros não me parece uma ideia plausível.

Desde que vi pela primeira vez as imagens, percebi que a situação seria de legítima defesa. A legítima defesa pressupõe o uso de meios moderados para cessar a agressão. Naquele caso, os policiais dispunham daquelas armas e, devido ao treinamento a que foram submetidos, certamente não atiraram para matar. Queriam efetivamente ferir e, com isso, fazer com que o agressor fosse contido. A retroescavadeira tinha potencial para ferir ou matar muitas daquelas pessoas que ali se encontravam. Segundo o Código Policial Militar (COM), artigo 42, II e artigo 44, "entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem."

Os policiais apenas se defenderam, imobilizando o senador e sua retroescavadeira, com o menor dano possível. Onde está o bom e velho diálogo? Onde estão os discursos de direitos humanos favoráveis aos vulneráveis? Policiais não são trabalhadores, não têm família nem contas de água, luz e telefone para pagar? Policiais fazem mercado, compram e consomem alimentos como todos, embora treinados e preparados para dificuldades. Policiais são pais, mães, filho, policiais são humanos.

Às vezes, chego a pensar que estamos em um país onde, dependendo de quem é o criminoso, a lei será aplicada ou não. É a velha forma brasileira de fazer justiça, ou depende do viés político ou interesse de outros. Essa velha política está entranhada em todo o país. Um bom exemplo, o Interior do Rio Grande do Sul, onde velhos caudilhos ainda imperam.

Não vou me deter em falar dos policiais militares e a forma como são tratados historicamente pelos últimos governos estaduais e federais. Não vou falar da falta de investimento na segurança pública e das condições em que trabalham e ao estresse diário a que são submetidos, indo aonde ninguém quer ir e lidando com a miséria material e espiritual da população, independentemente de classes sociais, pois o crime ocorre em todas elas. São os policiais militares os responsáveis em atender e dar conta dessa demanda, entre outras tantas coisas que hoje e sempre são feitas por eles, dos partos dentro de viaturas aos salvamentos, em especial de suicidas - situação que tem levado a mais treinamentos para abordagem, com êxitos cada vez maiores. Enfim, é errado policiais fazerem greve, aquartelarem-se, fazerem motim, mas isso não dá direito a um senador da República entrar em uma retroescavadeira e ir em direção a um grupo de pessoas, sejam elas quem forem. A quem serve esse enfrentamento, essa desunião, esse desrespeito, esse ódio? Realmente não é coisa do bem. O certo é que juntos, como já escrevi anteriormente, "somos mais soluções" e, por meio do diálogo, podemos chegar a elas, as soluções.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Abandono Afetivo Inverso Anterior

Abandono Afetivo Inverso

Sobre o servidor público Próximo

Sobre o servidor público

Colunistas do Impresso