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PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

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O Covid-19 e o impacto nos pampas

Suelen Aires Gonçalves
Socióloga e professora universitária

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A experiência de uma pandemia de proporções internacionais é uma realidade da nossa geração. O episódio tem seu início em dezembro de 2019 e se expande para além do território asiático, avançando para a Europa e para as Américas no início do ano de 2020. Neste contexto, temos os primeiros casos notificados em março de 2020, sendo que a primeira vítima fatal foi uma mulher, negra, empregada doméstica, no estado do Rio de Janeiro. Ela foi contaminada pelos seus patrões, que contraíram a doença em uma viagem feita para a Europa. Eles, ao chegarem ao Brasil, não a comunicam do contágio. Esse caso expõe as facetas das desigualdades de gênero e raça do Brasil. A elite se contamina, mas é a classe trabalhadora que tem sua vida ceifada.

Neste sentido, observo com atenção o processo exponencial em nosso Estado e cidades neste último período. A pandemia, em seus dados atualizados, está com as seguintes dimensões: número de contaminados(as) em nível mundial está na casa de 13.287.651, sendo que temos 7.374.84 recuperados e 577.954 mortes. No Brasil, estamos com 1.926.824 contaminados(as), 1.323.425 em recuperação e 74.133 mortes. E em nosso Estado, a Secretaria Estadual de Saúde divulgou, nesta semana, que chegamos a 40.993 pessoas infectadas e 1.060 mortes pelo coronavírus. A taxa de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) está em quase 80%

A SITUAÇÃO EM NOSSO ESTADO

Nessa semana, além da divulgação dos dados acima citados, foi apresentada uma pesquisa realizada por uma equipe da UFRGS sobre projeções da Covid-19 em nosso Estado. Tal levantamento foi realizado por inúmeros pesquisadores e pesquisadoras de diferentes áreas do conhecimento, com base em informações prestadas pela Secretaria Estadual de Saúde do RS, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saude. Tal pesquisa nos alerta sobre a situação em nossos Estado. Segundo os pesquisadores, o pico da Covid-19 será no mês de agosto, e nossa Capital será impactada de uma forma potente. Os dados são alarmantes, pois, pela projeção, teremos 27 mil pessoas infectadas somente em Porto Alegre. E, pelas projeções, teríamos 300 pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), com a necessidade de mais de 200 respiradores.

ESTADO GENOCIDA

Neste contexto de pandemia, vivemos crises das mais diversas em nosso país. Cito as crises ambiental, sanitária, econômica e política como cenário deste momento. E, em meio a uma pandemia, estamos há mais de 2 meses sem um Ministro da Saúde no Brasil. Essa informação demonstra a síntese de um governo que promove a morte da sua população. Um estado genocida como o atual não tem proposta adequada para lidar com tais crises e necessitamos denunciá-lo. Os dados apresentados da projeção para o nosso Estado nos apresentam os limites de uma falta de gestão comprometida com a vida humana. Teríamos que criar entre 50 a 100 novos leitos somente na Capital. Teríamos possibilidade de criação de vagas em um curto espaço de tempo? O afastamento social é uma das poucas possibilidades de não contaminação. Segundo a pesquisa, o isolamento tem um "efeito matemático". Houve um achatamento da curva em um momento, porém, com as aberturas graduais, foi observado um aumento e tais projeções apresentam os limites do nosso sistema de saúde a nível local.

Brasil, o celeiro do mundo
Silvana Maldaner
Editora de revista


style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">O Brasil é o novo sol do mundo. As grandes potências econômicas do mundo estão de olho no Brasil da bauxita, do ferro e do manganês. Somos a segunda maior produção de ferro do planeta. Em junho de 2020, exportamos mais de 30 milhões de toneladas sendo que somente a China comprou 59% da produção.

Em termos de flora, possuímos a maior biodiversidade do mundo. Plantas exóticas, ervas medicinais, flores, frutos e árvores com interesses milionários, como por exemplo o Pau Rosa, que garante a continuidade da produção do perfume Francês Chanel número 5. A essência do extrato desta arvore alimenta a indústria de cosméticos, perfumaria e também é utilizada como anestésico, contra ansiedade e dores nas articulações.

Outros milhares de exemplos poderão ser destacados pela nossa imensidão de riquezas naturais, minerais e agrícolas na produção de grãos, carnes, leite, laranja, café. Somos a quarta economia a alimentar o mundo. Muito diferente de 50 anos atrás, quando importávamos quase de tudo.

SAFRA RECORDE

O levantamento da safra de grãos de 2020, divulgada recentemente pela Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, indica que o Brasil teve safra recorde e passa a ser o maior produtor de soja do planeta, com 255 milhões de toneladas. Se não fosse a estiagem que afetou o Rio Grande do Sul no início deste ano, a produção seria ainda maior.

A produção de arroz, feijão, milho, trigo, centeio, cevada e algodão também aponta ter crescimento. A exportação do arroz teve um aumento de 82% no mês de maio, outro recorde. São apenas alguns dados da nossa grandiosidade e capacidade produtiva. O Brasil é um dos países mais promissores deste planeta, com as maiores reservas naturais, extensão territorial produtiva, flora e fauna diversificada, liberdade religiosa, clima tropical e bonito por natureza. Cada Estado poderia ser um país de tão distinto em hábitos, costumes, clima e economia.

GRANDES POTENCIALIDADES

O que falta para sermos a superpotência mundial? A consciência desta magnitude. O reconhecimento das grandes potencialidades. Vivemos como aquele mendigo deitado reclamando do frio e da chuva com um casaco doado cheio de dinheiro. Não abrimos os bolsos para ver. Ficamos chorando a tragédia sem conhecer a realidade. Olhar pra dentro. Conhecer e reconhecer. 

Tem muita gente trabalhando de sol a sol, plantando, colhendo e alimentando os lares do Brasil e mundo afora. É fantástico quando estamos em países distantes e vemos as bananas importadas do Brasil, o café, as laranjas, a carne vendida a preço de ouro. E, aqui, basta olharmos as feiras coloniais, os armazéns e silos lotados, os mercados e açougues com carnes e frutas fresquinhas, as árvores floridas e os vegetais essenciais para a saúde e qualidade de vida, tudo aos nossos pés.

Somente quem conhece outras realidades sabe o que é a falta de uma mesa farta, variada, rica e saborosa encontrada somente na culinária da nossa mesa Brasil.

Obrigada por esta terra tão abençoada. Onde tudo o que planta cresce. Só falta florescer o amor.

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