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OPINIÃO: Você veio aqui para limpar-se e não para poluir-se

Você, com certeza absoluta, já deve ter ouvido aquela expressão popularizada por Jesus (Mateus 26:41), que diz: "Orai e Vigiai". É uma expressão usada pelas religiões e talvez, mais ainda, como regra de conduta, no espiritismo. Mas, apesar de ser uma expressão bastante conhecida, você já parou para pensar qual das duas ações é a mais difícil de praticar? O "orai" ou o "vigiai"? Tenho certeza absoluta que se você se detiver um só instante nessa questão, vai chegar à conclusão de que a mais difícil, disparadamente, é a "vigiai". Orar, nós oramos, ainda que oremos muito mais para pedir do que para agradecer, quando que deveríamos inverter a ordem, qual seja, muito mais agradecer do que pedir. Mas, tudo bem! Essa inversão faz parte da nossa inferioridade espiritual. E para orar, não precisamos de muito. Basta, para isso, entrarmos em um momento de turbulência emocional proporcionado por qualquer motivo para que nos lembremos da divindade. E aí oramos, rezamos, pedimos, fizemos promessa na forma de troca-troca, para Deus, para Jesus, para as diversas Nossas Senhoras, para o anjo da guarda, para Iemanjá e para uma infindável fileira de santos ou santas que julgamos, pelos seus poderes ou por suas influências nas instâncias superiores, serem capazes de nos tirar daquela dificuldade que, na maioria das vezes, nós mesmos criamos.

Já o "vigiai" nos remete à nossa conduta diante da vida e da forma como interagimos com as pessoas com as quais nos relacionamos. Essa conduta é o nosso espelho, pelo qual as pessoas nos enxergam e, por isso, devemos procurar mantê-lo sempre o mais limpo possível. A preocupação com a higiene do corpo é muito importante, e disso todos nós sabemos, mas tão ou mais importante é a higiene do espírito na medida em que estamos aqui, fundamentalmente, para tratá-lo das doenças morais acumuladas e trazidas das existências pretéritas. Daí a importância do "vigiai". Lembre-se que não somos um corpo com um espírito como normalmente se pensa e se diz, e sim um espírito com um corpo. Mas, afinal, o que devemos e a quem devemos vigiar? E a resposta para essa questão é tão simples quanto óbvia: a nós mesmos e a forma como pensamos, como falamos e como agimos. E, na verdade, é o que menos fazemos.

Preocupamo-nos muito mais com os outros do que conosco, fundamentalmente nessa era da tecnologia em que, através das redes sociais, damos vazão ao nosso lado mais inferior soltando uma das feras que moram em nós: a fera da intolerância. Não é porque algo está na moda ou porque algum proceder é dito "normal" que deve ser feito também por nós. Julgamo-nos portadores das verdades insofismáveis e definitivas passando não só a desprezar qualquer ponto de vista contrário ao nosso, como a insultar todo aquele pelo simples fato de que, apenas e tão somente, pensa diferente. É o nosso lado inferior e doente aflorando impulsionado pelo orgulho, atitude esta, aliás, bem própria de nós, espíritos inquilinos do Planeta Terra, em que conhecemos a teoria, mas não a aplicamos na prática. E, quando agimos assim, perdemos preciosas oportunidades de abrir a nossa mente sem perceber que a intolerância atrapalha e retarda o crescimento na caminhada evolutiva do espírito imortal, pois o que nos liberta ou aprisiona, neste caso, não são habeas corpus e nem mandados de prisão, mas sim atitudes equilibradas ou desajustadas para com as pessoas com as quais nos relacionamos. Por isso, o nosso empenho e cuidado através do "vigiai" fazem-se necessários e importantes, pois a vida cotidiana, cada vez mais, nos apresenta situações que nos sugestionam e nos condicionam. Claro que não é fácil para você e nem para ninguém permanecer em constante vigília o tempo inteiro, mas é importante começar o mais rápido possível, ainda que em doses homeopáticas, a exercitar essa prática de frear os instintos inferiores o quanto antes por um motivo muito simples, mas extremamente importante: você veio aqui para limpar-se e não para poluir-se.

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