opinião

OPINIÃO: Rio Grande a cavalo

O Rio Grande do Sul não pode mais se orgulhar de ser um dos Estados mais desenvolvidos e progressistas do país. Em praticamente todos os setores, talvez exceção do agronegócio, o Estado anda a cavalo competindo com as máquinas modernas. O presente não é mais sombra do nosso passado do qual tanto nos orgulhamos, e a situação tende a piorar porque não estamos cuidando da educação das crianças gaúchas, que chegarão à idade adulta sem condições de enfrentar as necessidades de um mercado de trabalho cada vez mais exigente.

Das 27 unidades da federação, o Rio Grande do Sul está colocado na 17ª posição no Índice de Educação Básica (Ideb). Ideb é o principal indicador da qualidade de educação básica do Brasil e a cada dois anos, em uma escala de 0 a 10, calcula o desempenho das escolas públicas e privadas no Ensino Fundamental e Ensino Médio. Pois bem. Estamos nos condenando ao atraso. Desde 2005, nosso Estado tem mantido a mesma avaliação, com imperceptíveis variações, entre 3,6 a 3,9. Há uma estagnação preocupante, considerando que, a cada ano perdido, pioram as probabilidades de melhora. Assusta que o índice abranja tanto o ensino público como o privado.

Quando se examina especificamente o Ensino Médio a curva descendente é assustadora. Em 2005, era melhor do que a média nacional, mas de lá para cá o restante do país teve uma melhora pequena, mas o suficiente para nos deixar para traz. Apesar disto tudo, a prioridade dos candidatos inclui a educação dentre suas principais preocupações, mas só no discurso, porque depois de eleitos nada fazem em termos de carrear recursos e meios para melhorar a qualidade da educação. Quais os planos para educação dos candidatos a governador? Não se conhece. Aliás, todos falam em seguir as regras do "mercado", este ente invisível e insensível. Ao mercado talvez interesse uma população desinstruída, desqualificada para trabalhar por salários baixos ou até mesmo em troca de cama e comida.

Aliás, no passado, quando o Brasil era colônia de Portugal, o ensino era dispensável, porque ao dominador não interessa que os dominados tomem consciência de sua condição. Andamos para traz, a cavalo, em direção ao tempo que o gaúcho era um ser desgarrado que vivia o dia de hoje sem maiores preocupações com o dia de amanhã. Enquanto isto, o mundo anda de trem bala, o restante do Brasil não chega a tanto, mas já anda em veículos movidos a motor. Estamos começando as comemorações do Dia do Gaúcho. Há o que comemorar? Viveremos como indigentes lembrando um tempo glorioso, ou vamos nos inspirar no passado para traçar nosso futuro? A educação é a principal base de uma sociedade. Sem ela, tudo o mais perde o sentido.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: A cremação do Museu Nacional Anterior

OPINIÃO: A cremação do Museu Nacional

OPINIÃO: Invertendo os papéis Próximo

OPINIÃO: Invertendo os papéis

Colunistas do Impresso