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OPINIÃO: Reprises

A vida e suas peculiaridades, dentre elas as naturais vicissitudes que todos enfrentamos, cada um a sua maneira, parece que não muda, aparenta repetitiva.

Olho para mais um principiar de ano em que pouco depois dos festejos pelas novas chances que os próximos 365 dias nos apresentam, ferinos acontecimentos nos pegam de surpresa.

Sim, meu amigo, minha amiga, inesperadamente dramas humanos absurdos, atém mesmo fora dos primeiros meses dos anos das nossas existências têm nos arrebatado com força, nos golpeado pesada e dolorosamente.

Mas, reflitamos: não há novidades ou ineditismos a respeito do que tem vitimado nossas alegrias, tranquilidades, ou mesmo esperanças, infelizmente.

Ao nos atermos aos eventos funestos coletivos últimos que, repito, surpreendem apesar das contumácias, podemos perceber se atentos muitos mesmos fatores, atores, circunstâncias, repercussões, causas, efeitos, reações etc e tal.

Diversas unidades, algumas dezenas, também inclusive uma ou mais centenas de mortos e em algum momento das elucidações encontraremos, sem medo de erro, a ausência de algo que deveria ser feito à luz da legislação ou do bom senso em suas mínimas concepções.

Assim como as razões, ou causas, os sintomas também se repetem. Percebam que deflagradas as primeiras notícias a respeito do acontecimento da vez, há sempre imediata repercussão nas redes sociais. Elas vão da solidariedade, passam pelas expressões de pesar, levitam desde já no apontamento de culpados e, novamente, invariavelmente, alguns alterarão fotos de perfis aderindo a movimentos dizendo-se "somos todos" algo ou alguma coisa. Ah, claro, há os que doam.

Entre as instituições envolvidas (só agora que o pior já aconteceu) a emergência de eficiência, apuro, zelo, competência e comprometimento que fazem ver mais justificativa de sua existência do que exercício verdadeiro de suas obrigações que tivessem sido cumpridas antes, nada teria acontecido.

A tudo, somam-se externações de condolências por autoridades nacionais, internacionais, celebridades das televisões, palcos e clubes de futebol, líderes religiosos e congêneres de papel protocolar alertados da necessidade de manifestação por alguma assessoria de imprensa.

O telejornal termina de luzes apagadas e tem até apresentador que chora ao vivo...

Repete-se sempre, muito, demais, verdadeira, imensurável, insanável, incurável, e sei lá quantos mais qualitativos e quantitativos, a dor de quem perdeu seus afetos...

E assim se seguem vezes mais, vezes menos, episódios desta novela, série, ou programa a que todos já assistimos. Até que imprensa e população exauridas deixem de tocar no assunto, senão para lá de vez em quando relatar do trâmite do projeto de nova lei que regulamentará a atividade ou o funcionamento disso ou daquilo para que nunca mais ocorra a tragédia aquela.

Até nos parece que trocar o canal da televisão seja mais eficiente na senda de evitar outro episódio. Mas não. Já sabemos, perdoem a franqueza, que algo, em algum lugar, ocorrerá de novo, com as mesmas cores e com as mesmas reações.

As atitudes são sempre as mesmas. Também serão as consequências. De novo, só e próximo elenco.

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