OPINIÃO: O menino pobre do Líbano

No dia 10 de abril de 1931, no Hospital São Vicente, de Nova Iorque, morre de crise pulmonar um menino pobre nascido em 1883, na montanha Bicharre, do Líbano, uma região de vendavais, perto dos Cedros milenares. Este menino integrou o grupo dos grandes escritores libaneses e os cedros lhe inspiraram a escrever o livro considerado como sua melhor obra em árabe, intitulado Temporais.Em 1894, emigra com a mãe e os três irmãos para os Estados Unidos, voltando ao Líbano em 1898 para completar seus estudos árabes.

Em 1908, vai para Boston e inicia oficialmente a vida de escritor no jornal O Emigrante (Al-Muhajer). Paralelo a este ofício, desenha e pinta numa arte mística abstrata que o leva a Paris, onde trabalha muito, visita museus, exposições, bibliotecas, e conhece Auguste Rodin, com quem organiza mostras, exposições e feiras.

Em 1910, volta para Nova Iorque, e até o fim dos seus dias mora num apartamento simples, apelidado pelos amigos de Eremitério (AsSaumaa). Neste local, cria A Liga Literária (ArRabita Al-Kalamia) para reunir escritores libaneses e sírios que, mesmo morando nos Estados Unidos, continuavam escrevendo em árabe e contribuíram significativamente para o ressurgimento das artes e letras de sua terra natal.

Este  menino  escreveu sete livros em árabe,  oito  em  inglês, e ao tempo que escrevia,  desenhava  e  pintava  quadros  que  expunha,  comercializava e ilustravam seus livros.

Os restos mortais deste pequeno libanês, tido como o maior e mais célebre escritor e pintor do mundo Árabe contemporâneo, voltaram para casa em agosto de 1931, indo parar num velho convento cavado na rocha. Seu túmulo tornou-se um lugar de peregrinação, ficando ao lado de um edifício que sedia o Comitê Nacional que leva seu nome e reúne suas telas e livros em todas as línguas. Na lápide está escrito simplesmente: "aqui, entre nós, dorme Gibran".

Lá dorme seu corpo, mas sua alma está viva e inspira milhões de leitores nos quatro cantos do mundo.

Seu livro de maior sucesso é O Profeta, lançado em 1923, e até hoje continua na lista dos mais vendidos e traduzidos, pois aborda questões de interesse humano universal como o amor, a fé, o casamento, a liberdade, a religião, os filhos, o trabalho, a morte, a alegria e a tristeza, o crime e o castigo, o comer e o beber, a educação, o autoconhecimento, a dor, a lei e outros.

Gibran Khalil Gibran, conhecido como Khalil Gibran, enriqueceu a vida de muita gente ao ensinar a arte de viver pela conquista da paz interior nutrida na contemplação da beleza. A vivacidade e simplicidade de suas ideias, inspiradas na natureza, são fonte de águas límpidas e amáveis que apaziguam as dúvidas do coração e alimentam a fé.

Caro leitor, conheces Gibran? Já leste O Profeta? Também o usaste como companheiro na sua fascinante viagem da auto-compreensão?