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OPINIÃO: O ensino superior público está sob ameaça da onda privatista

Está em curso uma campanha para difamar o ensino superior público brasileiro. E membros do próprio governo federal encarregam-se de desqualificar as universidades. "Iluminados" da elite econômica nacional, boa parte em débito com o fisco, também pegam carona na iniciativa. Dos Estados Unidos, vêm as ideias do astrólogo Olavo de Carvalho, outro sujeito empenhado em caçar "esquerdistas", "comunistas" e "combater o marxismo cultural nas universidades". Assim, o ataque está posto com o objetivo de privatizar a educação superior pública e tirar do povo mais humilde e trabalhador a oportunidade de estudar e avançar social e economicamente.

Para os atuais suseranos tupiniquins, o brasileiro deve receber até dois salários mínimos e trabalhar até morrer. Em outras palavras, o vassalo deve ser subserviente ao seu Senhor, como ocorria na Idade Média, com total lealdade e fidelidade. O emprego sem direitos e requintes de escravidão, na ótica do patrão, é a única alternativa existente aos inferiorizados na pirâmide social. Diria até imposta por alguns "empresários de bem", preocupados unicamente com seus lucros e vantagens pessoais.

Mas  voltamos  a  falar  de  educação. Segundo o jornalista José Pires, do Site de Jornalismo Independente Parágrafo 2, "atualmente, parte dos fundos criados por Paulo Guedes está no portfólio da Bozano Investimentos, e uma fatia do dinheiro aplicado ali é reinvestida em oito empresas de educação. Entre elas, estão a ?Ser Educação`, que tem uma rede de universidades com 150 mil alunos; a ?NRE`, com focos em cursos de medicina e 8 mil alunos; e a ?Q Mágico ?, que vende soluções para ensino digital e ensino a distância.

Para a docente da Universidade Federal do Paraná e pós-doutora na Faculdade de Educação da Unicamp, Monica Ribeiro, "existe uma tendência, que é a de privatização do setor público da educação." Segundo ela, "fundações, como o Instituto Unibanco, o Instituto Ayrton Senna, o Movimento Todos pela Educação, o Instituto Natura e a Fundação Lemann, têm atuado na formação de políticas públicas voltadas à educação como a Reforma do Ensino Médio e a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Monica diz que, "com esse novo cenário no MEC, a tendência é que essa influência se expanda". Ela destaca: "Recentemente, Bolsonaro deu declarações dizendo que elas, as universidades públicas, não produzem pesquisa. Isso é uma grande mentira, pois 94% da pesquisa científica é feita nas universidades públicas. A intenção é fazer com que a população fique do lado do discurso privatista." A presença de um economista no comando do MEC, Abraham Weintraub, e a montagem de uma equipe composta por homens da área econômica e do setor empresarial comprovam os objetivos do governo. Weintraub é afinado com a Reforma da Previdência e "as posições do ministro podem se refletir em cortes de verbas ligadas a programas educacionais, principalmente aqueles voltados à educação pública em estados e municípios.

Na visão da professora Monica, "essa disseminação de informações falsas e distorcidas com relação às universidades públicas vai ao encontro desse processo de privatização. Não demora e veremos um desmonte maior ainda das universidades públicas, por meio de cortes em pesquisas, a ausência de concursos públicos, para que com isso vá se justificando a iniciativa privada tomar cada vez mais lugar do público na oferta de ensino superior."

O antropólogo e escritor Darcy Ribeiro comentava que "o maior e único problema do Brasil são suas elites: apátridas, parasitárias, vivem de vender o patrimônio nacional e manter o povo escravizado, ignorante, feito gado."

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