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OPINIÃO: O dono do sítio

Marmelada de banana, bananada de goiaba, Goiabada de marmelo, Sítio do Pica-Pau Amarelo... A trilha sonora da infância de muita gente tem nome e sobrenome. A letra de Gilberto Gil contou, na primeira edição, com um time de peso: Dori Caymmi na direção, Guto Graça Mello na produção e nomes como Dorival Caymmi, Ivan Lins, Vitor Martins, João Bosco, Aldir Blanc, Caetano Veloso, Chico Buarque, Francis Hime, Geraldo Azevedo e Sérgio Ricardo.

O ano era 1977. Antes disso, o Sítio já tinha virado um programa infantil, na década de 50. Foi adaptado pela primeira vez para a televisão em 1952, na TV Tupi. O programa ficou 11 anos no ar e foi um grande sucesso da emissora. Em 1964, o infantil ganhou uma versão na TV Cultura de São Paulo e, em 1967, na TV Bandeirantes. Em 77, estreia na Globo com a música tema que há 40 anos a gente canta.

Quando se fala na importância da leitura, do ler por prazer, isenta de tarefa, como imaginação, como conhecimento, não tem como esquecer do dono do sítio. Um brasileiro à frente do seu tempo, envolvido com as questões do seu país, mas que buscou refúgio no mundo da imaginação. Dizia Lobato, a mim me salvaram as crianças. De tanto escrever para elas, simplifiquei-me.

José Bento Monteiro Lobato nos deixou há exatos 70 anos, em 4 de julho de 1948. As poucas mais de seis décadas de vida não o impediram de entrar para a imortalidade da literatura infantil. Difícil ter uma criança que não conhece a Emília, o Visconde, a Narizinho, a Tia Nastácia, a Dona Benta, o Saci. Quem teve a oportunidade de assistir ao programa na década de 80, conheceu também muitos outros personagens, como o terrível Minotauro. Era uma aula de história, e muito divertida.

Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar. Lobato não sabia, ou sabia, mas ele escreveu muitos livros em que milhares de crianças fizeram e fazem morada. Um mundo comandado pelas crianças, um país de faz-de-conta que dá certo, que encanta, que marca. Quem não sonhou morar no Sítio? Um lugar mágico, onde boneca fala, sabugo de milho é gente, tem ainda o Rabicó, a Cuca e tantos seres que só podem habitar um lugar: o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Salve Monteiro Lobato, que transformou a infância por meio das suas histórias e dos seus personagens caricatos. Como esquecer do Tio Barnabé, do Zé Carneiro, do Garnizé, do João Perfeito e do Seu Elias? Em dezembro de 1979, a Unesco elegeu o Sítio do Pica-Pau Amarelo um dos melhores programas infantis do mundo. Hoje, quando tanto se fala em qualidade tanto na literatura quanto na música destinada ao público infantil, lembrar Monteiro Lobato, que em 1920 já escrevia livros para que as crianças pudessem se transportar, é um orgulho e um alento. No país da fantasia, num estado de euforia, Cidade polichinelo, Sítio do Pica-Pau amarelo....

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