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OPINIÃO: O Brasil que sonhamos e o que não queremos

Estamos vivendo tempos complicados. Estamos divididos em facções que parecem inconciliáveis. Precisamos aprender a viver e a conviver com os que pensam diferente e respeitá-los, afinal, somos irmãos de pátria, ao menos. No episódio da greve dos caminhoneiros isso ficou patente. A intolerância com os contrários levou à morte e lesões corporais de profissionais do volante de forma absolutamente irracional, beirando à psicopatia como agiram os autores.

Parece que não conseguimos expressar nossas contrariedades pelo diálogo, pela conversa e isso é da essência da política e da democracia. Não podemos impor o que pensamos ou o que queremos, pela força. Assim nunca vamos conviver democraticamente e encontrar as soluções pela vontade da maioria. Para ilustrar esse quadro desfavorável, presenciamos várias manifestações postulando a intervenção militar, a exemplo de 1964. Ainda que respeitáveis essas posições e legítima a pretensão, não esqueçamos que a via para buscar o bem comum ainda é a democracia onde todos possam opinar, sem apelações, sem violência, sem intervenção de corpos estranhos ao processo democrático.

Se desejamos que militares nos governem, que façamos a escolha pela via democrática, com eleições livres, sem censura e sem medo, com tantas eleições quantas sejam necessárias até encontrar o meio termo para o bem comum. Todas as nações têm problemas: corrupção, desgoverno, insatisfações, contrariedades mas buscam as melhores alternativas pela via democrática. O exemplo nesses dias é a Itália que está às voltas para formar um governo para o que já frustraram algumas tentativas, mas continuam tentando para formar um novo governo, e ninguém lá fala em intervenção militar, ou de qualquer outra natureza, ou solução diversa da democrática.

Não há alternativa para buscar o bem comum, mesmo aquele utópico mas que continua sendo o nosso sonho, por outra via que não a democrática, a legítima, fundada na ordem jurídica que essa mesma sociedade estabeleceu por seus mandatários. Essa ordem é a que devemos respeitar porque só assim o convívio será possível. Se não serve, pelo mesmo processo democrático e legítimo se tentará um outro sistema, mas sempre pelo processo democrático.

O que precisamos mudar é não mais continuar a agir como se o Estado (Brasil) fosse o inimigo de todos e a nossa vontade se sobrepondo a tudo a ponto de depredar prédios e bens públicos, dirigindo nossa fúria contra o que pertence a todos. Todos devemos buscar o bem comum, embora por meios e formas diferentes, mas respeitosamente, democraticamente, afinal a era da barbárie já passou e não desejamos a sua volta. O Brasil que buscamos deve ser de todos; não de facções inconciliáveis ou como se fosse propriedade de alguns. De outra forma não é possível.

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