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OPINIÃO: Invertendo os papéis

Quantas vezes seus pais acordaram à noite para ver o motivo do choro? As trocas de fraldas, o reparo na maior quantidade possível de vitaminas e proteínas na sua comida, a atenção no desempenho na escola, os infinitos conselhos sobre as amizades e amores fizeram parte da sua trajetória. Pois chega o momento que você fica adulto e os papéis invertem.

Quando percebe, está revisando o horário dos remédios, o resultado dos exames, se o ambiente está adequado e tantas outras preocupações. Sabemos que o contingente de idosos cresce nos últimos tempos. O total de brasileiros idosos alcançou os 30 milhões em 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), e a tendência é que o envelhecimento da população acelere de forma a, em 2031, os idosos superem a soma de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos.

Em 5 anos, o país ganhou 4,8 milhões de anciões. A OMS indica que até 2050 triplicará o número de idosos no Brasil. Portanto, é preciso incrementar as políticas de promoção e proteção à sua saúde, bem como formar profissionais que respeitem as peculiaridades do envelhecimento, realizando um cuidado adequado a essa população. Debates sobre a terceira idade, sem dúvida, foram incrementadas ao longo dos anos. Hoje temos, além da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, o Estatuto do idoso e a presença marcante dos grupos da "melhor idade", sempre atentos aos seus direitos. Os aposentados pagam meia-entrada para ingresso nos cinemas, teatros, espetáculos e eventos esportivos. Na saúde, o atendimento é prioritário. Há reservas de vagas preferenciais em estacionamentos e transportes públicos, entre outros tantos benefícios alcançados. Falando nisso, como vão os seus idosos?

Quanto tempo vocês dedicam a eles? Não conseguem encontrá-los em função do seu trabalho? Telefonem! Apareceu um feriado? Visitem! Corram lá, e cubram de beijos e abraços. O carinho dos filhos, netos e bisnetos é fundamental nesse processo. Qual o lazer estamos proporcionando para eles? Apenas um fogo em frente à lareira e um par de agulhas de tricô? Não deixe a vida cair na rotina. Sim, é difícil. Buscar uma pequena caminhada em volta da casa, por exemplo, pode ser um problema. Não apenas pelos passos lentos, mas pela má qualidade das vias públicas, podendo favorecer as quedas. Acrescenta-se o risco, se pensarmos na falta de segurança ao atravessar uma rua. As notícias sobre acidentes em vias públicas são comuns. As pessoas estão sempre com pressa e a paciência é quase zero. Outra dificuldade nesse período, é a perda de pessoas queridas no meio do caminho. Então, reviva com eles os bons momentos.

Faça-os perceber que tudo valeu a pena. Interessar-se por quem um dia nos cuidou, daqueles que te carregaram nos braços, é o mínimo que podemos fazer. Hoje a visão pode falhar, os passos podem travar e o paladar não ser o mesmo, mas a experiência é imensa. Então aproveite, cada segundo. Ouça as histórias, mesmo que sejam contadas repetidamente. Aceite as manias, pois um dia você também terá as suas. Saiba enfrentar com bom humor a fuga da hora incômoda do banho e as restrições na dieta. Busque mais alegria com eles. Programe uma festa fora de hora, um bolo sem motivo aparente. Aproveite, pois o tempo é breve e os momentos inesquecíveis. Todos iremos envelhecer e vivenciar a inversão de papéis. Então, trate bem dos seus longevos. Hoje, particularmente, parabenizo o meu pai pelo seu aniversário. Um sábio senhor, que reúne nesta data, os familiares e amigos para comemorar os seus 90 anos. É dia de festa com o seu Nemo Souza! Muitas alegrias para ele e para todos os idosos!

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