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OPINIÃO: Caí da escada?!?

Isabel, Leonardo, Isanardo e Leobel formam uma família que mora numa casa linda e confortável. Dos quatro, interagi mais com Leobel, já que, por coincidência, nos encontramos três vezes no ambulatório do hospital.

Na primeira vez que nos vimos, Leonardo e Isabel entraram apavorados com Leobel, que chorava machucado e assustado. Os pais procuravam socorro e ele ficou sentado ao meu lado. Quando voltaram para levá-lo ao atendimento, a mãe me agradeceu pela companhia que fiz ao menino, o pai se chateou, e vai dizendo que ele não deve falar com estranhos.

Pouco depois, sai o trio do ambulatório. Leobel fungando,  Isabel  nervosa  acarinhava-o,  e  Leonardo,  tentando se controlar, senta arrumando uns papeis à espera do resultado dos exames. Aí, me olha e explica: "nos mudamos há pouco para esta casa, meu filho não está acostumado com ela, acabou caindo da escada".

Nisto, uma pessoa vestida de branco aparece, lhe diz que não deu nada na radiografia, e que Leobel deve tomar o remédio da receita. Relaxam, sem fratura, apenas algumas escoriações e um susto.

Dez dias depois, eu estava no mesmo hospital, quando Leonardo e Isabel voltam ao atendimento. Nesta dia, o rosto de Leobel sangra. Ele vem direto em minha direção, e desta vez, Leonardo não se opõe, puxa assunto e me conta que sua empregada, mesmo advertida para não encerar a escada, o fez. Leobel estava de chinelo e escorregou pela escada.

Agora foi um pouco pior. Ferimentos no rosto, nos braços, nas costas, e me pareceu que as pernas estavam machucadas. Na ocasião, conversei bastante com Leobel e posso dizer que foi o dia em que nos tornamos amigos.

Treze dias depois, no mesmo lugar, Leonardo e Isabel, agoniados, retornam ao hospital. Me veem e se aproximam contando que Leobel e o primo brincavam no topo da escada. Num movimento brusco, Leobel cai.

Naquele dia, Isabel chora muito e diz: "ele precisa se benzer ou eu vou benzer a escada". O pai tentava mostrar tranquilidade, arrumava uns papéis à espera de ser chamado. A secretária os chama e eles entram sem levar o filho. Leobel ficou bem pertinho de mim, pegou na minha mão e eu senti a dor das marcas do seu corpo acidentado.

A equipe, como eu, estava afeiçoada por aquele menino que falava pouco e olhava assustado.

Dias depois, quando caminhava pela praça vizinha de onde me hospedava, senti que alguém vem por trás e me pega na mão, olhei e era Leobel. No outro lado, estava Isabel, chorando baixinho. Me acheguei, ela fala: "Descia a escada com um jarro na mão e caí."

Leobel apontou para uma casa, disse que morava ali, e perguntou para sua mãe: "posso mostrar meu quarto para ela?" Isabel autorizou, eu fui, andei por toda a casa, e atônita, descobri que naquele lugar não havia nenhuma escada.

Caro leitor, ouviste falar num caso similar? Conheces alguém que anda caindo da escada?

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