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O sol nasce sempre

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Em um dos últimos dias do mês de setembro, o verão se despedindo na Europa, estava na Plaza del Castillo, em Pamplona, Espanha, quando parei para tomar um café, em um dos lugares mais bonitos da cidade. Mesmo com o passar dos anos, o Café Iruña mantém todo o seu encanto tradicional. Nas salas, o tempo parece ter parado. O teto todo trabalhado, grandes espelhos nas paredes, lustres de cristal e candeeiros "vintage" dão vida ao lugar que é sucesso, desde a inauguração, em 1888.

Saboreando o café acompanhado de pintxos, pensei em Ernest Hemingway e no livro "Fiesta", que teve o local como inspiração. A obra foi escrita na década de 20 após o mundo ter passado por uma grande guerra e estar se recuperando da devastação da gripe espanhola. Ela conta a história de um grupo de amigos, com angústias e desilusões, que, em busca de emoções fortes, saem de Paris e vão para a Espanha, para o Festival de "San Fermin", onde assistem à chamada Fiesta, espetáculo composto de danças, missas, procissões e touradas.

Fazendo uma análise dos comportamentos daqueles jovens, da chamada "geração perdida", com os olhos de quem convive há um ano e seis meses com uma pandemia, é possível entender a necessidade que tinham de aproveitar a vida, pois, foram longos anos de tristezas e de privações.

As mudanças forçadas de hábitos impostas pela pandemia, tanto no passado como no presente, nos fez e faz pensar no verdadeiro sentido da vida, na solidão, na impotência, no quanto tudo pode mudar em um instante. Por outro , o passado, também, nos ensina que, assim como as festas não duram para sempre, a tristeza, igualmente, tem seu fim, porque o sol sempre volta a nascer.

Portanto, no momento em que a liberdade de ir e vir, está, gradualmente, sendo devolvida, chega a ora de decidir o que fazer com o tempo que ainda temos pela frente. Cada um tem os seus desejos e aspirações, assim como uns gostam de filmes de terror, outros de romance. Enquanto alguns batalham, diariamente, para alcançar os seus sonhos e objetivos, outros ficam inertes, reclamando da sorte.

Independentemente do que cada um decida sobre o futuro, o importante é não desperdiçar o tempo, porque ele não retorna. A pandemia, a cada dia, mostra a finitude da vida. Sendo assim, enquanto houver sol, temos que aproveitar muito bem o tempo que nos resta, fazendo aquilo que nos faz feliz, pois, o futuro chega muito rápido e, no meu caso, ele é menor que o tempo que vivi.

"Tudo o que eu desejava era saber como viver. Talvez, aprendendo como viver, acabemos compreendendo o que há realmente, no fundo, de tudo isso." Jake Barnes, personagem principal do livro Fiesta.

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