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O Ano da Enfermagem

Martha Souza

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Nos primeiros dias de janeiro a Opas e a OMS anunciaram que 2020 seria o ano internacional da enfermagem e obstetrícia. A ideia era de reconhecer o trabalho realizado em todos os serviços de saúde pelos profissionais que dedicam suas vidas no cuidado da população. Parecia uma previsão do que viria pela frente.

Bom lembrar que estamos todos os dias, todos os anos, em tempo integral dedicando o cuidado com a saúde da população. Desenvolvemos atividades em todos os níveis: promovendo a saúde, prevenindo doenças, curando e reabilitando. Exercemos funções de gestão e (re)aprendemos todos os dias a trabalhar com equipes multiprofissionais.

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Muitas, inclusive, tentando se equilibrar entre um, dois ou três empregos, visando alcançar valores financeiros para manter a subsistência. Lembrando que, na maioria dos casos, quando chegamos exaustas em casa, somos responsabilizadas pelo zelo com a educação dos filhos, a limpeza e organização do ambiente, a alimentação, as compras, etc. Além de o salário da enfermagem, na maioria dos casos, ser baixo, escutamos depoimentos de falta de respeito e até situações de violências provocadas por parte de pacientes e familiares. É frequente enfrentarmos episódios de assédio e ainda ouvirmos piadinhas sem graça. Não acreditam? Tentem lançar no Google a palavra "enfermeira" e busquem por imagens. Provavelmente surgirão figuras eróticas, insinuando que somos objetos de consumo.

Vejo, com muito orgulho, o trabalho que minhas colegas, bravamente, estão empreendendo na linha de frente dessa pandemia. Aliás, nesses tempos de Covid 19, vale lembrar que o produto mais procurado no mercado, o álcool gel, foi inventado em 1966 pela enfermeira Lupe Hernandes (na época, estudante de Enfermagem). Provavelmente, Lupe não deve ter tido lucro com sua criação, mas certamente seu produto colabora até hoje para salvar vidas.

O Papa Francisco também salientou que as enfermeiras exercem funções complexas e múltiplas, tocando todos os âmbitos da cura, e que sabem realizar essas ações em colaboração com outros profissionais. Reforça ainda que o "caráter de cura e prevenção, de reabilitação e paliativo da sua atividade exige um alto profissionalismo, que requer especialização e atualização".

Recentemente, assistimos às palmas dirigidas aos profissionais de saúde nas janelas. No entanto, não queremos só elogios. Estamos cansadas de discursos de que somos os "anjos da saúde que percorrem os corredores". Talvez essa tenha sido a cena eternizada da Florence Nightingale, que durante a Guerra da Crimeia (1853-1856) cuidou dos feridos, atravessando longos percursos nos hospitais. Ao percorrer esses caminhos, carregava uma lâmpada para iluminar os pacientes que iria cuidar. Esse fato gerou o nosso símbolo: a lâmpada da Florence.

A história é linda, mas os tempos mudaram. Nightingale usou a fortuna da família para conseguir estudar e atuar como enfermeira em tempos que a mulher sequer conseguia sair de casa. Atualmente, queremos respeito, salários dignos, horas de trabalho compatíveis com nossa função, insumos adequados para trabalharmos em segurança e a possibilidade de continuarmos melhorando nossa formação. Sim, somos grandes, imensas!

E, parafraseando os Titãs "a gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte". Merecemos, e muito!

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