style="width: 100%;" data-filename="retriever">
É importante falar da dignidade humana, principalmente em ambientes, como os que temos vivido ultimamente, em que parcela considerável da população desconsidera o outro como ser humano, em decorrência de atributos físicos, origem étnica, gênero, ou por opções políticas, religiosas ou de qualquer outra natureza.
Defender o respeito à dignidade humana é acima de tudo garantia de que nós mesmos não sejamos desrespeitados pelos que pensam diferente. Ao admitir reduzir qualquer semelhante à condição sub-humana, implicitamente se está abrindo possibilidade de ser vítima da mesma redução.
O princípio da alteridade, do respeito ao diferente, do pluralismo de opiniões, das diversas opções de vida, é a base da democracia, visto que a sociedade plural somente pode existir onde vicejar a possibilidade de pessoas poderem ter sua própria individualidade e identidade.
Uma sociedade democrática não é marcada pelos extremos do consenso, nem pela imposição da vontade de uma maioria calcada na opressão e desrespeito às minorias. Ao contrário, uma sociedade plural sempre é conflitante, com interesses contrapostos na busca de um equilíbrio nas relações que se atritam e causam tensão entre opostos.
É o equilíbrio das relações que deve limitar as desigualdades, garantindo a cada cidadão o direito à sua individualidade. Cada um tem o direito de viver da forma que lhe aprouver, construindo e usufruindo sua individualidade e identidade, seja entre os seus iguais, seja entre os diferentes.
Os últimos anos - não só no Brasil - foram caracterizados por uma crescente onda de intolerância com aqueles que diferem no modo de entender o mundo. Toda opinião não passa de uma maneira de pensar, um julgamento pessoal, um parecer. Entretanto, ultimamente para muitos isso deixou de ser opinião e se erigiu em verdade universal, como, por exemplo, os debates sem qualquer fundamentação sobre os efeitos da Covid-19. Todos têm opinião, "acham" isto e aquilo, mas onde está a verdade?
Nosso país sente os efeitos desta onda opiniática, por exemplo, nas religiões, nos costumes e na política.
As eleições municipais, em todo o país, parecem soprar um brisa de mudança. Parece que a onda da intolerância está perdendo força. As candidaturas erguidas sobre pedestais intransigentes e excludentes não tiveram êxito. As campanhas eleitorais estiveram mais focadas em assuntos de interesse da coletividade e não mais na defesa ou ataque de posições ideológicas.
Claro que o radicalismo jamais será erradicado, sempre haverá um determinado porcentual que por conveniência ou convicção permanecerá atrelado a ideais fixas que pregam a exclusão dos que divergem. A grande maioria, entretanto, dá indícios de estar cansada da discussão estéril, do debate agressivo, da falta de propostas concretas para e melhoria do bem-estar coletivo.
É uma brisa apenas, mas parece um bom sinal.