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Arnaldo Jabor lá no Céu


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Um dia, nos encontramos em Paris. Antigo hóspede do Hotel Madison, de quando em quando, eu por lá passava para rever meus dois amigos, Christian e Jean Marc, que ali trabalhavam. Tania e eu habitávamos - até hoje habitamos! - nosso pequeno apartamento na rue du Dragon.

Lá estava hospedado, no Madison, o Arnaldo Jabor. Conversamos ligeiramente. Eu o admirava - disse-lhe - e ele sorriu mencionando que era muito bom eu estar longe de Brasília! Não voltamos a nos ver, mas sempre acompanhei sua presença na televisão e suas obras formidáveis.

Não sei por onde começar a lembra-las. Filmes maravilhosos e textos geniais. De quando em quando revejo alguns dos seus filmes: A opinião pública, Toda nudez será castigada, O casamento, Eu te amo, Eu sei que vou te amar, A suprema felicidade.

A Vida não apenas pode ser - repito - a Vida é maravilhosa. Seja pelos prêmios que recebeu - Cannes e Berlim, entre outros - seja pela sua amizade fraternal com Nelson Rodrigues. Leio novamente, agora um belíssimo texto de Fernanda Torres publicado na Folha de São Paulo, edição de 16 de fevereiro passado: se seus colegas falavam do povo, Jabor foi explorar idiossincrasias de sua classe. Um texto maravilhoso, no qual ela relembra que Toda nudez será castigada e O casamento são suas melhores transposições feitas para a tela.

Tenho muito a relembrar, além de tudo por conta da objetividade das palavras e dos textos - além das imagens - criadas, produzidas, reproduzidas pelo excepcional ser humano Arnaldo, que nasceu depois de mim, em 12 de dezembro, eu em 19 de agosto de 1940. Os títulos dos seus livros dizem tudo para mim. Um deles, que ainda não mencionei, declara o que eu adoraria dizer: Amor é Prosa, Sexo é Poesia!

Assim que ele se foi Cacá Diegues afirmou que "Jabor acompanhou toda a minha vida. A morte dele é a morte de um pedaço de mim". Ele se foi no dia 15 de fevereiro, internado no Hospital Sírio-libanês, em São Paulo, desde o dia 16 de dezembro de 2021.

Tenho muito a dizer a respeito de sua brilhante existência e produção intelectual, mas de repente relembro a lição de Álvaro Moreyra: "as palavras não dizem nada, melhor é mesmo calar". Agora nada mais faço além de passear meu olhar sobre textos e gravações de inúmeras de suas peças, uma delas - como as outras - fascinante. O filme O casamento, inspirado na obra de Nelson Rodrigues, é maravilhoso. E outro mais, Tudo bem - com Paulo Gracindo, Fernanda Montenegro e Zezé Mota - eleito uma das melhores produções nacionais pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

Um dia, no futuro, estaremos todos juntos lá no Céu.

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