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Aquele abraço

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Esta semana, assistimos, boquiabertos, a repercussão de um abraço. No dia primeiro de março, em matéria exibida no Fantástico, Dr. Drauzio Varella, sensibilizado com a solidão de suas entrevistadas, abraçou-as. A reportagem não foi em uma igreja, escola, parque de diversões, campo de futebol ou praça pública. Ele abordou pessoas que estão em situação de privação de liberdade. Sim, em presídios. Em geral, quais os motivos que levam indivíduos para esses espaços? Na maioria dos casos roubaram, mataram, estupraram, traficaram. Enfim, cometeram crimes, pelos quais, certamente, deverão pagar.

O médico, famoso pelos trabalhos realizados com populações vulneráveis, não escondeu onde estava. Entretanto, não verificou o crime cometido pelas suas interlocutoras. Todos os profissionais de saúde, sabem que devem atender independentemente de raça, sexo, credo ou classe social. Portanto, não cabe a nós, juízos.

Recordo que, nesse dia, recebi muitas mensagens para ligar a televisão. Isso se deve ao fato de cuidar, há muito tempo, da saúde de transexuais. Simultaneamente, choviam mensagens amorosas nas redes sociais. Drauzio para presidente! Drauzio, o melhor ser humano! Drauzio, o santo!

Logo a seguir, espalharam-se notícias do crime horrível que a Susy, uma das entrevistadas, havia cometido. Tempestades de fúria sacudiram o país. Do mais ilustre desconhecido e até figuras públicas, declararam sua ira, como se ele estivesse, de alguma forma, inocentando as participantes da matéria. O próprio Drauzio Varella explicou, em mensagem nas redes sociais, que ele é médico e não juiz. Entretanto, ofensas coléricas espalhavam-se com a velocidade de um cometa.

Claramente, percebeu-se que uma multidão foi do amor ao ódio, em segundos. Caberia uma reflexão de como estamos analisando os fatos ocorridos nesse país. Boa parte da população acredita facilmente em fake news de todo o tipo, avaliamos rapidamente pessoas sem saber dos fatos envolvidos, generalizamos discursos.

Portanto, o óbvio deve ser dito. Presídios são espaços para punir as pessoas que cometeram atos reprováveis. Lá estão homens, mulheres, trans e outras tantas diversidades. Estão, inclusive, aqueles que mataram trans que não haviam cometido crime algum. Pessoas que, sim, já estão sendo castigadas pelas ações praticadas. Dr. Drauzio veio a público novamente esta semana solicitar perdão. Humildemente pediu desculpas, em rede nacional, para a família envolvida no bárbaro crime executado pela Suzy e para os telespectadores. Na sua fala, ressalta que "para quem acha que eu errei, peço desculpas, mas esse é o meu jeito".

Para o Dr. Drauzio Varella, mando aquele abraço! Repleto de solidariedade, compreensão, simpatia e respeito por toda sua trajetória frente ao cuidado da saúde das populações mais vulneráveis desse país. Fico feliz que existam pessoas da área da saúde tão abertas para a cortesia. E peço que não cortemos os abraços e os cuidares. Quem deve punir é a Justiça, e esperamos que ela faça isso muito bem. 

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