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Agora, vamos

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Pensando nas idas e vindas, nos avanços e retrocessos - políticos e econômicos - brasileiros e no presente quadro institucional, posto, às escâncaras, diante dos nossos olhos, lembrei-me de Adhemar de Barros, político paulista que, entre os anos 1930 e 1960 do século passado, foi figura presente na vida brasileira, desde sua nomeação, por Getúlio Vargas, no Estado Novo, como interventor paulista.

Adhemar de Barros, personagem meio folclórico da vida brasileira, foi prefeito paulistano e governador de São Paulo por duas vezes. Também por duas vezes foi candidato à presidência da República, enquanto houve eleições livres antes da tutela   militar imposta ao país (curiosamente, Adhemar, apoiador do golpe militar, acabou cassado por Castelo Branco). Reza a lenda que, com ele, até de forma assumida, começou a história do "rouba mas faz". Mas, eu dizia que ele foi duas vezes candidato à chamada suprema magistratura da nação. E, na segunda eleição, ele repetia: "Desta vez, com ajuda de Deus e de D. Leonor, vamos!" D. Leonor era sua esposa.

No caso atual, acho que agora, vamos! Finalmente, penso cá com meus botões, se está encontrando o caminho. Finalmente, alguém entendeu que é preciso destruir a universidade pública e acabar com a pesquisa científica. Chega de imaginar que é possível caminharmos como nossas próprias pernas; que é possível adquirirmos conhecimento científico; que se pode ter acesso à ciência e domínio das modernas tecnologias; que somos capazes de pensar, compreender a realidade que nos cerca e entender o mundo e, a partir daí, traçar nossos próprios caminhos, com as réguas e compassos que a História nos deu. Somos um país exportador de commodities e ponto final.

Finalmente, temos governantes atentos à necessidade de se pôr cobro aos desmandos da Polícia Federal, da Receita Federal e de outras carreiras do serviço público federal ditas de Estado e nada melhor, para isso, do que desmontar as estruturas que estas construíram ao longo de décadas de dedicação aos interesses estatais, diminuindo-as, estrangulando-as, asfixiando-as, reduzindo suas organizações quase ao nível da miséria estrutural.

E vamos privatizar tudo que esteja nas mãos do Estado, inclusive a cobrança da Dívida Ativa da União, entregando-a aos grandes escritórios de advocacia do país, talvez os mesmos que defendem, esgotando todas as possibilidades lícitas, mas, algumas, de duvidosa concepção ética, de procrastinação, desde as recursais até os conchavos com os discípulos do Demo, os sonegadores contumazes e os devedores recalcitrantes. Para isso, adiante com a ideia de extinguir unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, como já se está fazendo com a Receita Federal do Brasil.

Assim, logo podemos tornar real o sonho de muitos patriotas de nos transformarmos no quinquagésimo-primeiro estado norte-americano, espalhando por aí, sem pejos ou receios, centenas de réplica da deusa Libertas, ao lado, quem sabe, de grandes reproduções da Old Glory.

Só não nos esqueçamos de que essas estátuas patrícias jamais passarão de meros pastiches. A verdadeira continuará fincada firmemente em solo nova-iorquino desafiando mentes tupiniquins à correta compreensão de sua simbologia.

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