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A Praça da Leitura

Toda vez que inicia a Feira do Livro, eu lembro do tempo em que era acadêmica do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria. A gente sempre se envolvia no evento, participando de alguma forma. A última vez que tenho lembrança, foi sob a coordenação da professora Eugênia, por meio da Agência da Facos. Lembro da Rádio Feira e o professor Rogério Lobato às voltas com o imenso rádio na Praça. Memórias que faço questão de guardar com muito carinho.

O que eu não sabia, ainda naquela época, era a importância que aquele evento teria na minha vida pessoal e profissional. Ano a ano, o evento cresce, se ramifica, se modifica e hoje já não podemos falar da efervescência cultural da cidade sem passar pela praça no mês de maio.

É a Política Nacional da Leitura e da Escrita fora do papel, na Praça, para todos. Tenho tantas histórias da Feira deste ano que não consigo escrever sobre uma específica. A 46ª edição deu um salto importante, trazendo para Santa Maria escritores premiados e que muitos leitores só conheciam pelos livros. Tive a oportunidade de acompanhar diversas atividades e observar o encantamento de gente grande e pequena diante de alguém que considerava um personagem do livro da escola ou da cabeceira.

Na Escola Humberto de Campos, em pelos menos três ações da Feira fora da Praça, vi com emoção o que a leitura pode fazer pelo ser humano. Que os livros podem ser a porta mais importante e mais segura que alguém pode encontrar. Ouvi um psicólogo e depois de uma escritora reforçar para aqueles meninos que a palavra, quando transformada em expressão e sentimento, pode ser mais certeira e efetiva do que uma arma. Disse Eliane Brum "escrevo para não morrer, mas escrevo também para não matar". Li poesias escritas como paródia de outra poetisa, que fizeram muita gente rude deixar rolar uma lágrima.

Vi turmas imensas de crianças de olhinhos brilhantes na plateia do Theatro Treze de Maio. Descobriram que a leitura não é fardo, não é obrigação. É prazer, é diversão. Por que não seria?

Vi a Moça Tecelã falar do alto das suas mais de oito décadas de vida, com tanta verdade, tanta sabedoria, tanta simplicidade. Marina Colasanti embriagou uma plateia inteira naquela noite, incluindo eu. Antes disso, uma Eliane Brum com fala mansa silenciou mais de 800 pessoas que cuidavam até a respiração para não perder nada das tantas histórias de vida dela e das que ela é porta-voz.

A cidade de lona já saiu da Praça, volta no próximo ano. Eu carrego a certeza de que muitos, muitos mesmo foram tocados por uma experiência que levarão para suas casas, suas escolas, suas famílias, seus amigos, sua vida. A cada ano, a Praça se transforma, porque nem ela conseguiria continuar a mesma depois de tantas leituras, tantas histórias, tanto conhecimento que ecoaram e impregnaram naquele espaço. Vida longa à Feira do Livro e da Leitura de Santa Maria.

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