
Depois de ler um artigo no jornal El País - Por que você não deve obrigar seu filho a comer -, que me fisgou pelo título, descobri mais uma das minhas grandes falhas como mãe. Estou sempre insistindo e incomodando o meu pequeno para ele comer. Um problema que não tive com a mais velha e não estou sabendo conduzir com o mais novo.
Não forço pela quantidade, mas para que coma em determinado horário e tento introduzir com certa veemência alimentos que considero saudáveis. Até levei a questão a uma especialista que nos indicou fazer "combinados" para que o pequeno comesse.
Achei que fosse uma birra por coisas que o incomodavam, tentei deixar o meio-dia menos agitado. E nem recordo mais das inúmeras vezes em que a hora do almoço virou um desprazer imenso diante das negativas em comer ou do comportamento que excluiu os alimentos saudáveis do prato.
A frase que li no artigo El País, do autor do livro Se Me Hace Bola (ainda inédito no Brasil), o dietista-nutricionista Julio Basulto, foi como se tivesse levado uma tapa na cara:
"Obrigar uma criança a comer não é ético e educativo e é contraproducente. O objetivo não é que a criança coma e, sim, que queira comer, e que queira comer de forma saudável, e isso não se consegue com a coação, com a pressão, com a insistência, prêmios e castigos. A criança é a única que sabe quanto deve comer, não o sabemos nós nutricionistas, médicos e pais. Somente o cérebro da criança sabe."
E ele continua, discorrendo sobre a questão do excesso de peso dos pequenos, que, no futuro, terão aversão ao alimento se forçamos a comer na infância.
Depois desse texto, lá em casa, os discursos sobre o prato vazio continuarão, no sentido de conscientizar para servir só o que vai comer, mas não seguir comendo quando estiver saciado. Darei o livre arbítrio para experimentar novos sabores, sem impor a minha vontade. Não vou mais adotar pequenos subornos, com a oferta da sobremesa ou de fazer uma visita ao bar da escola mediante comer o "salgado".
Os pais são exemplos e seguirei comendo minha salada - apesar de não gostar muito e experimentando coisas saudáveis. Porém, prometo, não insistir e deixar o ambiente mais leve.
Vou respeitar o desejo dele.
E seguirei fazendo apenas uma escolha certa: desligar a televisão durante o almoço.
