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Fintechs: chegou a vez dos bancos sentirem o poder de inovação das startups

Em uma economia de mercado, os serviços são oferecidos por empresas que, quanto maiores são, mais poder de venda têm... certo? Bem, pelo menos no meio digital, nem sempre o tamanho é vantagem.

Em um ambiente de rapidez e inovação, essa lógica se subverteu um pouco: embora o tamanho de uma grande empresa possa trazer vantagens, também pode ser um problema. Afinal, na era digital, a lentidão e a burocracia são menos toleradas e a inovação é requisito fundamental para a sobrevivência. E é aí que entram as startups: empresas de pequeno porte conhecidas pela agilidade e pelo alto grau de inovação. 

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Por serem menores, as startups possuem menos estrutura física para manter e menos "tradições organizacionais" a respeitar. Como elas têm bem menos a perder do que as empresas tradicionais, acabam tendo menos medo de errar, e a coragem é um ingrediente fundamental para a inovação.

Startups também afetam os serviços de mediação

A inovação em ambientes digitais é especialmente perigosa para empresas e profissionais que trabalham com serviços de mediação, ou seja, aqueles serviços em que humanos fazem todo o trabalho no meio de campo que existe entre você e os recursos que você precisa. Isso porque a tecnologia digital consegue fazer conexões entre pessoas e recursos de uma maneira automatizada, rápida, mais barata e mais transparente. Por isso que, além das empresas de grande porte, as startups também afetam diretamente nos setores de mediação.

Um exemplo de serviço de mediação que foi bastante afetado é a venda de pacotes aéreos: antigamente, você recorria aos agentes de viagens, que buscavam as melhores ofertas e guiavam o processo de compra. Atualmente, há sites que fazem todo o processo de mediação, desde a pesquisa pelo melhor preço até a concretização da compra, mas com algumas vantagens: são mais rápidos, mais simples e mais baratos. O mesmo aconteceu em outros ramos, como o da venda de seguros, da música, do cinema, do varejo e da informação.

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Bem, se dinheiro é um recurso que exige mediação, se as agências bancárias fazem esse meio de campo e se elas são parte de empresas enormes, então uma hora tinha que chegar a vez dos bancos sentirem o poder das startups. E, de fato, essa hora está dando sinais de que já chegou.

Pixabay/

Minha experiência com as fintechs

Nos últimos anos, surgiram no Brasil várias startups inovadoras no mercado financeiro, as chamadas fintechs, que é a junção das palavras financial e technology.

Você encontrará vários textos na web que listam as inúmeras fintechs que andas surgindo por aí. Em vez de fazer essas mesmas listas, o que vou fazer aqui é relatar a minha própria experiência com elas.
Fintechs em cartões de crédito
Minha primeira experiência não poderia ser diferente: foi com o já famoso cartão de crédito roxo do Nubank. Além de não cobrar anuidades, ele também oferece uma experiência de uso muito mais fácil e transparente, graças ao seu aplicativo para celular, com interface mais simples e prática do que os aplicativos dos grandes bancos.

Além disso, a agilidade da empresa é mostrada pelo atendimento ao cliente, muito mais rápido e amigável que o atendimento de telemarketing terceirizado dos grandes bancos.

O Nubank é o caso mais conhecido no Brasil, devido ao seu grande sucesso desde que surgiu, em 2013. Como já era de se imaginar, estão surgindo diversas novas startups na área de cartões de crédito, o que deverá deixar o setor ainda mais diversificado para os clientes.

Fintechs em empréstimos e financiamentos
Em março, logo após a volta das minhas férias, percebi que "me passei" nos gastos e que estava correndo o sério risco de ficar no vermelho. Resolvi fazer algo que evito a todo custo, mas que dessa vez não foi possível escapar: corri atrás de um empréstimo para evitar cair no buraco do cheque especial. Embora o termo "empréstimo" possa trazer frio na espinha para quem, como eu, tem ojeriza a juros, basta fazer os cálculos para concluir que ele é muito mais vantajoso do que ficar meses sofrendo com os juros absurdamente abusivos do cheque especial.
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Bem, fiz simulações de empréstimo em praticamente todos os grandes bancos do país, inclusive nos que eu tenho contratos firmados há anos, como conta salário e financiamento habitacional, já que eles geralmente oferecem vantagens aos clientes. Depois do desânimo com os juros, resolvi dar uma pesquisada em fintechs focadas em serviços de empréstimo e, para a minha surpresa, pelo menos duas delas me ofertaram empréstimo com juros bem mais baixos que os bancos pesquisados. E o melhor: graças à tecnologia inovadora de seus aplicativos, não precisei enfrentar filas e nem enviar documentos em papel para lugar nenhum para obter o empréstimo.

Fintechs em contas correntes
Mês passado, descobri e comecei a usar mais uma fintech interessante, dessa vez na parte de contas correntes. Entre as vantagens, além de não precisar pagar nenhuma taxa mensal, o aplicativo do banco me permite fazer operações que outros bancos não permitem.

Por exemplo: se o Fulano precisar me transferir uma quantia X de dinheiro, não é mais preciso que ele compartilhe do mesmo banco que eu: basta eu acessar minha conta corrente no aplicativo dessa fintech e gerar um boleto no valor do depósito. Assim, o Fulano só precisa pagar o boleto por meio do aplicativo de seu próprio banco ou em um caixa eletrônico, tudo isso sem taxa alguma.

As fintechs podem inovar ainda mais
Há outros serviços financeiros oferecidos por fintechs que ainda não explorei, como no planejamento financeiro pessoal e empresarial, na gestão de investimentos e na venda de seguros. São serviços que já são ofertados por grandes bancos há décadas, mas que passaram a ser ofertados por startups por uma simples razão: porque elas conseguem inovar, simplificar, baratear e oferecer benefícios. Agora, eu me pergunto: por que os grandes bancos não me oferecem esses mesmos benefícios? Certamente, não é pela falta de dinheiro para investimento em inovação, já que só em 2016, o lucro líquido dos quatro maiores bancos do Brasil somou mais de R$50 bilhões (em plena época de recessão econômica!).

Particularmente, estou otimista com essa nova onda de startups no setor financeiro. Além de trazer agilidade e transparência, as fintechs têm o potencial de baratear os serviços financeiros e leva-los às camadas da população que são excluídas pelo setor bancário. E isso recém foi o começo: ainda há muito espaço para se inovar (e revolucionar) nesse setor.


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