Decifrar ou construir o significado de uma obra é um dos desafios mais atraentes para os aventureiros que adoram mergulhar no infinito mundo da interpretação.
Aqueles que lançam o seu espírito nos mistérios da arte, devem, de antemão, conhecer os fundamentos da hermenêutica. O primeiro é a intertextualização: o sentido de um texto depende do conhecimento prévio de outros textos; o segundo é a inesgotabilidade do sentido, pois este é livre, mutável e infinito.
Isso quer dizer, em termos práticos, que tão logo uma obra é posta no mundo, a sua significação deixa de ser propriedade exclusiva do seu criador e fica sujeita à ressignificação por toda coletividade de intérpretes.
Nesse liame, boa parte das maiores obras da nossa curta história tem um traço em comum: o seu criador original teve o propósito consciente de estimular uma postura intelectual ativa dos seus destinatários. Para atingir esse fim, uma narrativa densa e surpreendente ou, por vezes, macabra e aterrorizante, foi escondida em alegorias e metáforas que exigem, além de atenção, amplo conhecimento preliminar daquele que se desafia nesse mergulho.