sociedade

Cara gente branca



Foto: Balanta - Nenhum cotista a menos (Facebook)

A noite do dia 7 de março, testemunhou o renascimento da garra de Dandara dos Palmares, Anastácia, Tereza de Benguela, Aqualtune e tantas outras mulheres guerreiras que retiraram forças de suas entranhas, para lutarem por justiça social e dignidade.

Estudantes cotistas negros da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois de denunciarem fraude no sistema de cotas, com candidatos brancos, alegando ascendência preta, parda ou indígena e inscrevendo-se como cotistas raciais, com aquiescência do Reitor daquela instituição de de ensino superior, decidiram pelo "akilombamento", uma forma extrema, mas visível de protesto, numa busca de preservar a políticas de cotas. 

Mas o que são cotas?

Cara gente branca, cotas são um tipo de reserva de vagas que visam incluir grupos até então excluídos, com o objetivo de eliminar ou reduzir desigualdades sociais e raciais que impedem o ingresso no Ensino Superior de grupos historicamente excluídos, como negros, indígenas ou pessoas com necessidades especiais.

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Fraudar o processo seletivo, acionando uma identidade que não a sua, pode ser uma forma de racismo? Entendo que sim, pois o grupo racial dominante vai lançar mão de estratégias de dominação para manter privilégios dos seus membros, e ao mesmo tempo, conservar os membros minoritários numa situação subalterna. 

Estudantes brancos acionando uma identidade negra, não deixam de ser uma forma de manter a hegemonia branca, impedindo que negros ou indígenas ocupem aquele espaço. Infiro que um número elevado de pessoas brancas se inscrevendo como cotista racial em concursos públicos tem um objetivo evidente: prejudicar a política. Na UFRGS, há alguns anos houve mais de 400 denúncias. No ano de 2016, a Universidade Federal de Pelotas desligou 24 estudantes do curso de Medicina. Quer dizer que alguns brancos não conseguiram assimilar o direito que negros e indígenas desfrutam, a partir da política de cotas.

Cabe perguntar, para quem são as cotas?

São para aqueles estudantes, que em virtude do racismo, ficaram fora do sistema educacional, foram impedidos de acessar a escola, pela cor da pele, por seus sinais fenotípicos ou mesmo por ingresso muito cedo no mundo do trabalho. O Dr. Adilson Moreira relata que em concursos públicos, quando aparece alguma candidata branca, loira, de olhos claros, reivindicando seu direito às cotas, porque seu avô ou avó eram negros, costuma perguntar:

"Muito bem, me relate como é sua experiência como uma mulher e/ou homem negros na sociedade brasileira. É claro que nesse caso, a pessoa não tem nada para relatar, porque ela é constantemente privilegiada por ser branca. Ser branco no Brasil é quase uma fonte inesgotável de privilégios, principalmente quando se é branco e rico".

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Por outro lado, o Dr. Moreira, relata que alguns concursos tiveram editais bem mais restritos, exigindo candidatos com fenótipo negro e no caso da pessoa parda, um genitor de primeiro grau com fenótipo preto. Esses critérios restringiram drasticamente o número de brancos tentando fraudar essa política pública.

Cara gente branca, reconhecemos que o Akilombamento da Reitoria da UFRGS gerou transtornos na dinâmica da Instituição, contudo o maior prejuízo seria se esses estudantes não tivessem reagido, permitindo que a fraude se consumasse.

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