sociedade

A longo prazo, todos estaremos mortos



Afinal, cientificamente falando ou escrevendo, um ano nada mais que é que uma volta ao redor do Sol. Estamos mais ou menos o mesmo ponto hoje que há 365 dias...Você mudou? Você continua igual? O que você pensa sobre o Brasil e o Mundo?

Li certa vez que Keynes proferiu a famosa sentença: "a verdadeira dificuldade não está em aceitar ideias novas, mas escapar das antigas". Certos economistas e ministros de Estado no Brasil (e muitas pessoas) acabam não escapando das antigas ideias e hábitos. São eternos prisioneiros nos calabouços, masmorras e labirintos de ideias, hábitos já ultrapassados e superados.

O atual ministro da Economia Paulo Guedes é um exemplo da "não metamorfose ambulante". Parece que o "leitor de Keynes" não estudou a História Econômica Brasileira.

Caro leitor, digo isso, pois, vale destacar que durante a segunda metade do século XX, o Brasil foi o país com a maior inflação em todo mundo. E ela retornou - com força - por aqui em 2021.

Pois bem, para fins didáticos, podemos dividir - historicamente - em seis fases o processo inflacionário brasileiro durante a metade do século XX:

  1. De 1958 a 1964: a inflação era alimentada pelo excesso de gastos públicos do governo JK e depois pela crise política que desembocou no golpe militar (passou de cerca de 20% para aproximadamente 80% ao ano).
  2. De 1964 a 1973: a inflação declinou progressivamente para a faixa dos 15% ao ano, graças a um programa bem sucedido de estabilização realizado pelo início do governo militar e principalmente a existência de boas condições na economia internacional.
  3. De 1974 a 1979: período caracterizado pelo primeiro choque do petróleo e por um endividamento crescente do Brasil no exterior, isso em virtude de uma tentativa imprudente de manter o país com o crescimento no mesmo ritmo do período anterior.
  4. De 1979 a 1985: a inflação ultrapassou 200% ao ano, na esteira de um segundo choque do petróleo e um choque de juros que deixou o Brasil endividado e levou a moratória da dívida externa.
  5. De 1986 a 1994: vários programas heterodoxos de estabilização (baseado no congelamento de preços) fracassaram e levaram a inflação a patamares superiores a 1000% ao ano.
  6. A partir da implantação do Plano Real - graças à liderança do então ministro da Fazenda e depois presidente Fernando Henrique Cardoso que conseguiu reunir uma equipe econômica qualificada - a inflação convergiu progressivamente para níveis muito próximos aos observados nos países desenvolvidos.

Em 2021, o Brasil alcançou uma inflação de 17,78%, acumulada no ano, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.

Em 2021, sentimos no bolso um peso extra. Embora diversas economias sofressem os efeitos da pandemia nos preços, o cenário no Brasil é agravado pelo câmbio desvalorizado e pela insegurança fiscal. "Essas particularidades fazem com que o Brasil fique em terceiro lugar entre as maiores inflações do mundo" (CNN).

Neste ano de 2022, a expectativa é que a inflação fique acima de 5%. O quadro atual não é nada animador. A alta de preços nos alimentos (principalmente a carne), na energia elétrica e nos combustíveis deverá ser mantida neste ano.

Para alguns (poucos), o atual governo está "indo bem" na economia e em outros setores.

Por fim, deduzo - a partir de algumas premissas, entrevistas e indicadores econômicos - que Guedes não leu (talvez nem em inglês) ou entendeu muito errado Keynes (principalmente a Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda).

Enfim, em tempos nebulosos e incertos, como diz o próprio Keynes: "a longo prazo, todos estaremos mortos".

Portanto, independentemente de ser curto ou longo prazo o nosso "prazo de validade", vale a pena adotar ideias e hábitos novos neste novo ano... O que vocês acham?

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