Há mais de três meses, estamos vivendo em distanciamento social, um tempo em que descobrimos muito sobre nós mesmos e sobre o que realmente importa em nossas vidas.
Descobrimos também que pode ser muito difícil ficar em casa, longe dos nossos amigos, familiares e colegas de trabalho. Ouvimos notícias tristes sobre a morte de milhares de pessoas com Covid e outras centenas de milhares que estão infectadas. Inicialmente, toda essa situação parecia distante, fora da nossa realidade. Logo depois, começou a ficar cada vez mais próxima de nós.
No Rio Grande do Sul, até o momento em que escrevo, foram registrados pouco mais de dezenove mil casos, com quatrocentos e trinta óbitos. Em Santa Maria, são quatrocentos e setenta e quatro casos com treze óbitos até o último domingo. Muito triste ver, analisar e compreender tais números. Parece que todo o esforço que fizemos até agora não foi o bastante, que todos os envolvidos não estão fazendo o suficiente, que erros comportamentais e de gestão estão ocorrendo.
Nós, como população, precisamos entender que temos de fazer a nossa parte, mudar nosso modo de agir, de ver o mundo e de nos relacionar com as pessoas. Sei que está sendo difícil nosso cotidiano , esta sendo difícil passar por estes momentos, mas precisamos assumir a nossa parte. O vírus é letal, não é uma gripezinha, não mata somente pessoas do grupo de risco, pode atingir qualquer pessoa em qualquer lugar. Precisamos redobrar o cuidado com higiene pessoal e higiene dos alimentos. Sem esse cuidado, os órgãos municipais e estaduais podem fazer todo esforço que o efeito poderá ser pouco.
O poder público municipal precisa enfrentar o que estiver a seu alcance, para proteger a população, tomando as medidas necessárias para que a curva de infecção seja lenta pelo maior tempo possível, dando tempo, assim, para que hospitais não fiquem superlotados e para que profissionais da saúde não sejam sacrificados.
Certamente, prefeitos, mesmo em ano de eleição, terão que tomar decisões impopulares, mas que preservarão vidas. As empresas sofrerão, passarão por dificuldades e poderão não sobreviver, mas no fim mais vidas serão salvas. Prefeituras certamente sofrerão pressões para que sejam autorizadas aberturas de lojas e indústrias - é hora, entretanto, de decidir o que é prioritário, o que é mais importante, em favor da vida.
A crise sanitária atual nos dá uma lição importante de vida, uma lição que compreendida e levada a sério, alterará comportamentos e procedimentos.Devemos entender primeiramente que a higiene em qualquer momento deve ser prioridade, coisas básicas como o uso de máscara deverá estar entre nós por muito tempo, não somente em crises como a atual. No futuro, ela deverá ser usada sempre que tivermos qualquer doença contagiosa, ainda que seja uma gripe. Em muitos lugares do mundo, tais costumes já estão incorporados à realidade - o que se deverá passar entre nós também.
Nosso comportamento passará a proteger nossa saúde, e a saúde dos que estão ao nosso redor. O mundo está cada vez mais globalizado e hoje, em menos de vinte e quatro horas, podemos estar do outro lado do planeta. O mesmo ocorre com qualquer enfermidade. A crise atual nos provou isso.
Por muito tempo ainda conviveremos com este vírus, mas ele não deve ser o último a estar entre nós. Diariamente corremos risco de outras pandemias surgirem e assolarem o mundo. Nosso modo de vida já mudou um pouco. Nossa vigilância, todavia, deve ser constante. Precisamos melhorar muito os cuidados conosco e com o ambiente onde vivemos. Sem compreender, entender e aceitar essas mudanças comportamentais, as próximas crises poderão ser iguais ou até piores que a atual. Resta-nos agora, tomar cuidado com nossa saúde, mente e corpo, para que possamos passar esta fase e chegarmos ao fim da crise compreendendo que novas rotinas em nossas vidas serão necessárias. O cuidado deve ser uma preocupação de todos, porque a vida de cada um e muito importante e que juntos podemos fazer com que tudo melhore.