data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Diante do posicionamento oficial da prefeitura sobre o que foi nominado como "o surto de infecção intestinal" e "diarreia infecciosa", na última sexta-feira, pais das duas crianças que morreram cobram por mais efetividade dos órgãos competentes.
Sem origem definida, surto de infecção está controlado em Santa Maria
Junto de outros familiares da mesma instituição onde as crianças estudavam - Murilo Brasil Brum, 5 anos, e Antônia Pradie Borchardt, 4, - na Escola de Educação Infantil do Sesi, no Bairro Patronato, elas reuniram-se neste domingo para debater o caso. O encontro também foi um momento de conforto coletivo.
- Temos filhos e professores que cuidam de nossos filhos. Os casos vêm todos do mesmo local. Por que não nos procuraram antes (escola e prefeitura)? Há fatos desde 14 de dezembro - questiona Nicole Batistella, mãe de dois alunos da mesma instituição.
QUESTIONAMENTOS
O secretário de Saúde de Santa Maria, Francisco Harrisson, durante entrevista coletiva na sexta-feira, disse que o surto é considerado fato encerrado porque está controlado e não surgiram novos casos graves. Contudo, a origem da doença ainda continua desconhecida.
- O Estado nos procurou, o pessoal em Porto Alegre. De Santa Maria, ninguém. Ouvíamos falarem da nossa neta sem ao menos terem conversado conosco - relata a avó de Antônia.
Segundo a prefeitura, equipes de Saúde fizeram coletas de água na casa das crianças que morreram e na escola do Sesi.
Além disso, nove exames foram analisados pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e estão em processo de análise no Laboratório Central (Lacen). O material também deve ser encaminhado para laboratórios da Fiocruz e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ainda não há informações sobre quando os resultados serão divulgados.
- A Vigilância (Sanitária) levou cópia da carteira de vacinação, com as doses em dia e o peso em dia. Era uma criança saudável e bem cuidada - relatou Vinícius Brum, pai de Murilo.
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A prefeitura informou que o boletim emitido na sexta-feira seria o último sobre o caso. O total de casos graves, até então, foram seis: as duas crianças que morreram, a mulher que deixou a CTI e outros três pacientes que foram tratados ambulatorialmente - todos do Sesi.
- A lição que a gente aprende é sobre a importância da higiene na preparação de alimentos e de lavar as mãos quando vão ao banheiro - disse o secretário.
CONFIRA O RELATO DE PATRÍCIA, MÃE DE MURILO:
"Nós estamos sem respostas. O exame de sangue que havia sido coletado na manhã do dia 22 não apontou nada conclusivo. Foi pouco sangue, que deu apenas para o hemograma. Para o exame de fezes, nós levamos as roupas dele no laboratório e, lá, rasparam o que deu para fazer o exame. As fezes estavam nas roupas e foram várias às vezes que trocamos. No dia 24 de dezembro, levamos (o exame) no laboratório, pois era para ver se dava reativo para rotavírus. Deu bom, negativo. Estamos ainda sem entender, sem explicação. Abrimos as portas da nossa casa para o pessoal da Vigilância coletar a água. A água aqui de casa estava ok. Meu filho era uma criança saudável, era muito bem cuidado e amado. Não entendo... Ele teve hemorragia, um episódio de febre, vômito e diarreia. Foi tratado como uma virose, no início. Procurei o plantão porque ele gritava de dor. Dizem ser uma bactéria, mas eu já não sei mais. Tenho dúvidas... Passamos todas as informações necessárias para os órgãos competentes. Nós precisamos de respostas. ou mãe e professora, isso me preocupa, ainda mais quando afeta as partes mais frágeis: as crianças. O sentimento de impotência é grande"