Sistema de saúde

Longas filas de espera e falta de pediatra no Pronto-Atendimento do Patronato

Longas filas de espera e falta de pediatra no Pronto-Atendimento do Patronato

Fotos: Nathália Schneider (Diário)

O cenário no Pronto-Atendimento, do Bairro Patronato, era semelhante ao da UPA 24h, na quinta-feira (25), mas com um maior número de crianças na espera pelo atendimento. Já no domingo (28), o movimento, ao contrário dos últimos dias, estava fraco. Mas conforme relato de pacientes, que preferiram não se identificar, não havia médico pediatra e várias famílias durante a tarde, haviam tentado buscar auxílio para os seus filhos no serviço de pronto-atendimento sem sucesso. No PA do Bairro Tancredo Neves, por volta das 14h de domingo, o movimento era menos intenso, com pacientes aguardando a menos tempo para consulta.

Falta de pediatra   

Neste domingo, por volta das 15h, quando a reportagem esteve no local, foi informado que o profissional só chegaria às 19h30min e crianças classificadas como urgente estavam sendo atendidas pelo clínico geral de plantão. A ala pediátrica estava vazia, devido a falta do médico especialista. Diferente do outro dia em que o Diário esteve no local, que a ala infantil se misturava com a ala adulta de tantas pessoas esperando.

Durante o período que a reportagem esteve no local, ontem, uma mãe chegou com o filho pequeno buscando atendimento, porque a criança estava apresentando um quadro de bronquite. Ao ser informada que o pediatra só chegaria pela parte da noite, a mãe insistiu que o filho precisava de atendimento, por causa da dificuldade para respirar. Porém, a orientação foi para retornar às 19h30min, quando o pediatra de plantão estaria presente. A mãe, indignada com a situação, saiu do serviço de saúde, com o filho no colo, falando que era um descaso com a população. A reportagem solicitou falar com alguém do setor administrativo, no entanto, a resposta é que só falariam nesta segunda-feira.

A prefeitura de Santa Maria, por meio da Secretaria de Saúde, informou que o município encontra-se com dificuldade na contratação de profissionais pediatras.

Recorrência

Na última quinta-feira (25), o Diário também esteve no local, e o cenário encontrado era de muita fila e dezenas de crianças aguardando atendimentos. A dona de casa Patrícia do Nascimento, 43 anos, era uma delas. Ela estava com a filha, Giana do Nascimento da Silveira Soares, 3 anos, há quase quatro horas na fila. Elas chegaram às 14h de quinta. Perto das 19h, já tinham passado pela triagem, mas estavam no aguardo pela consulta.

– A triagem não demorou muito, só que estamos na fila ainda. Algumas pessoas me falaram que estavam aguardando desde às 12h. Minha filhinha está com sintomas de dengue, vamos precisar fazer o teste também. Nós moramos no Bairro Pinheiro Machado e eu levei ela no postinho quando começou os sintomas, mas falaram que não era nada demais, nem comentaram se era dengue. Tentei marcar depois um agendamento para uma consulta no posto, só que só tinha para início da semana e ela tá com muita febre, precisei vir para cá.

Na quinta, Patrícia aguardava atendimento para a filha Giana

Junto com Patrícia na fila, estava a dona de casa Júlia Nathália Chaves da Silva, 23 anos, com o filho Vicente Chaves da Silva, de 1 ano e 5 meses, moradores do Bairro Passo das Tropas. Os dois tinham ido para o PA na quarta-feira, por volta das 22h, e ficaram até as 4h. Vicente e a mãe só voltaram na quinta para realizar o exame da dengue, ao meio-dia, contudo a febre do pequeno aumentou e precisaram passar pela triagem novamente. Às 19h, eles ainda estavam na fila para o atendimento.

– Meu filho está com 38°C de febre e aí não chamam. Não sei o que acontece, se faltam profissionais. Mas não tem como as crianças ficarem queimando em febre. O Vicente está com suspeita de dengue e de bronquiolite, e eu não posso fazer nada.

A doméstica Luci da Silva, 55 anos, estava com o filho, o estudante Samuel Antônio da Silva Garcia, 14 anos, moradores do Bairro Lorenzi, no aguardo para o atendimento. Samuel na tarde de quinta-feira começou a sentir-se cansado, com febre e tosse, além de apresentar uma alergia pelo corpo. No mês de abril, os dois foram para o PA, por causa dos sintomas de dengue que Samuel estava apresentando, porém acabaram desistindo do atendimento.

– Mês passado viemos para cá e estava demorando muito, estava superlotado. Acabei pagando um teste particular de dengue, que deu negativo. Hoje (quinta-feira, dia 25), liguei para o postinho do bairro, para levar ele amanhã em uma consulta (sexta-feira, 26), mas disseram que não teria procedimento, apenas ele passaria pela enfermagem. Só que ele está se sentindo muito mal – comenta Luci.

Números de atendimentos 

A mudança de temperatura, o aumento de casos respiratórios e o surto de dengue que afeta a cidade refletiram nos números de atendimentos nos últimos meses no Pronto-Atendimento do Patronato. Em janeiro e fevereiro, foram 7,8 mil e 6,7 mil consultas, respectivamente. Já no mês passado, os atendimentos saltaram para 10,7 mil. O mês de maio nem encerrou e os números já chegam a 9,7 mil.

Os atendimentos no PA do Patronato neste ano (2023)

  • Janeiro – 7.892
  • Fevereiro – 6.728
  • Março – 10.523
  • Abril – 10.747
  • Maio – 9.706 (até 25/05)

E, em 2022:

  • Abril – 9.524
  • Maio – 11.062 

Os atendimentos no PA da T. Neves neste ano:

  • Janeiro – 3.475
  • Fevereiro – 2.921
  • Março – 4.449
  • Abril – 5.988
  • Maio – 5.339

E, em 2022:

  • Abril – 3.747
  • Maio – 5.345

O que diz a prefeitura 

A prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, esclarece que todos os pacientes passam pela triagem e recebem uma classificação de cores (azul, verde, amarelo, laranja e vermelho), conforme a situação de urgência e emergência para os atendimentos. Assim, os casos mais graves são laranja e vermelho, que são considerados prioridade. Além disso, pacientes atendidos no PA do Patronato, ou PA da T. Neves, ou na UPA podem precisar de exames, que podem ser feitos nestas unidades de saúde. Assim, o paciente pode demorar mais a sair do local, contudo, não significa que não tenha sido atendido por um médico dentro do tempo estimado de acordo com a classificação de cores

Espera pelos atendimentos

  • Há cerca 60 dias se registra aumento considerável da procura pelos serviços de Saúde no PA Patronato, PA da T. Neves e na UPA pediátrico e adulto

Faltam médicos para atendimentos?

  • O município tem oferta de clínico geral nos três serviços, sempre com reforço, para atendimentos de urgência e emergência adultos e pediátricos. Contudo, encontra-se dificuldade na contratação de profissionais Pediatras, uma falta percebida no Brasil todo

Escala de plantões dos médicos no PA

  • São previstos em escala três médicos para atendimentos adultos e dois para atendimentos pediátricos, por turno, além de reforços sempre que necessário

O que é feito para resolver o problema

  • A gestão estuda estratégias de mais acesso às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) verificando as fichas azuis e verdes. Entre as ações estão horários estendidos nas UBSs, que ficam mais próximas às residências dos pacientes, facilitando o deslocamento até os serviços de saúde. Além disso, a pasta municipal trabalha constantemente na reavaliação de cada um dos plantões da UBSs

Leia o restante desta reportagem:

» Sobrecarga do sistema de saúde causa demora nos atendimentos da UPA 24h

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