Especialistas alertam sobre possível aumento dos casos de doenças respiratórias em Santa Maria

Fotos: Pedro Piegas (arquivo/Diário)

Com a previsão de dias mais frios nos próximos meses, os santa-marienses devem tomar alguns cuidados com a saúde.O período é propício especialmente para o desenvolvimento ou agravamento de doenças respiratórias, como rinite, sinusite, faringite, resfriados e pneumonias. O aumento de casos, internações e mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) também é monitorado por especialistas. Os principais causadores da Síndrome são os vírus sincicial respiratório (VSR), da gripe (Influenza) e da Covid-19. 

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Para o médico epidemiologista e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Marcos Lobato, a tendência, que é típica do período, pode alcançar novos patamares após as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul no final de abril e início de maio

Neste momento, temos uma nova situação. Tem uma parte da população gaúcha que, por conta das casas inundadas ou por viver em áreas de risco, teve que ir para alojamentos ou casas de parentes. Esses abrigos acabam acumulando muitas pessoas em um pequeno espaço. Ou seja, elas estão muito mais próximas do que o normal. Isso também pode causar doenças que hoje são comuns como a gripe e a Covid-19 – comenta. 

Conforme o painel monitorado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), Santa Maria teve até o momento 34 hospitalizações, 19 por Covid-19, quatro por Influenza e duas por VSR. Um aumento dos índices nos próximos meses não é descartado pela secretária municipal da Saúde, Ana Paula Seerig:

Sempre temos um aumento de doenças respiratórias neste período. Começamos a perceber isso [o aumento] em junho ou julho. É algo esperado. Os serviços de saúde sabem disso. Então, normalmente, temos um número adequado de medicações para dar conta disso. Também buscamos em turnos alternativos ou estendidos garantir o acesso das pessoas às consultas e avaliações, porque não são poucas que têm sintomas respiratórios quando começa esse período. Hoje, o que temos enquanto profilaxia, são as vacinas, sobretudo, contra a Covid-19 e a Influenza.

SRAG em Santa Maria 

Total de hospitalizações – 34

Total de óbitos  – 9

Covid-19

  • Hospitalizações – 19
  • Óbitos – 8

Influenza

  • Hospitalizações – 4
  • Óbitos – 1

Vírus sincicial respiratório 

  • Hospitalizações – 2
  • Óbitos – 0

Dados atualizados em 7 de junho

Fonte: Painel Estadual de hospitalizações de Síndrome Respiratória Aguda Grave 

Vacinação

Os imunizantes contra a Covid-19 e Influenza estão disponíveis em unidades de saúde de Santa Maria que contam com sala de vacina. Conforme Ana Paula, atualmente, são 29 locais. Entre os grupos com melhor cobertura vacinal contra Influenza até o momento, estão pessoas acima de 60 anos, profissionais de educação e da saúde. O primeiro grupo também está no topo da imunização contra a Covid-19. 

Apesar disso, a situação é de alerta. Com o aumento no número de casos, internações e óbitos por conta da gripe, o Rio Grande do Sul adiantou a campanha de imunização. As ações deste ano iniciaram oficialmente no dia 25 de março. Em Santa Maria, as unidades de saúde ofertaram o imunizante dois dias antes para atender a demanda. Mesmo com a intensa divulgação e a logística, apenas 40% da meta preconizada pelo Ministério da Saúde de imunização contra a gripe foi alcançada até o momento. 

Neste cenário, uma das maiores preocupações de Ana Paula é a vacinação infantil, uma vez que a baixa cobertura pode resultar no retorno também de outras doenças que já estavam erradicadas. 

Temos uma resistência por parte dos pais ou cuidadores em aderir e vacinar os filhos. Nos últimos 10 anos, as coberturas de todas as vacinas que temos só vem decrescendo. O nosso papel enquanto secretaria é ofertar os imunizantes e nós estamos fazendo isso nas salas de vacina – reforça a secretária municipal da Saúde. 

Recentemente, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a disponibilizar uma nova vacina contra a Covid-19, fabricada pela empresa Moderna. O imunizante, que chegou na semana passada em Santa Maria, protege também contra a subvariante da Ômicron, a XBB 1.5. Para quem faz parte dos grupos prioritários, a vacina servirá como um reforço.

Dependendo do grupo em que você estiver, terá que fazer um reforço a cada 6 meses ou a cada 1 ano. Idosos, pessoas com mais de 60 anos e que estão em instituições de longa permanência, imunocomprometidos, gestantes e puérperas precisam fazer o reforço a cada 6 meses. Para os demais grupos como indígenas, quilombolas, trabalhadores da saúde, pessoas com deficiências, com comorbidades, pessoas privadas de liberdade, entre outros, a sugestão é um reforço anual – explica Ana Paula.

Para saber quais os dias e horários de funcionamento das unidades, acesse a agenda de vacinação no site da prefeitura. No portal, que é atualizado semanalmente, também é possível encontrar as orientações sobre os grupos prioritários de cada campanha. 

Use máscara

Além da imunização, Lobato elenca outras medidas de proteção que devem ser usadas ao apresentar sintomas de gripe ou Covid-19. 

– Na situação que estamos vivendo, a regra é que se tem algum sintoma respiratório, tome precauções para não passar para outras pessoas. Estar vacinado é importante. Mas precisamos lembrar que se estamos com sintomas, devemos nos afastar. Se não tiver como fazer isso, use máscara. Nós aprendemos isso na pandemia e essa lição continua, porque precisamos proteger os outros, nossos familiares, colegas de trabalho ou escola – conclui o médico epidemiologista. 

Resfriado x gripe: qual a diferença?

Embora apresentem sintomas semelhantes em alguns casos, o resfriado e a gripe impactam de formas diferentes no corpo. Com base em informações do Ministério da Saúde, veja quais são as características dessas infecções:

Resfriado

  • É causado na maioria das vezes por rinovírus
  • Os primeiros sinais costumam ser coceira no nariz ou irritação na garganta, seguidos de espirros e secreções nasais
  • A congestão nasal também é comum nos resfriados, porém, ao contrário da gripe, a maioria dos adultos e crianças não apresenta febre ou apenas febre baixa
  • Não tem vacina. O tratamento envolve uso de anti-inflamatórios e descongestionantes

Gripe

  • É causada pelo vírus Influenza
  • Os sintomas geralmente são febre, vermelhidão no rosto, dores no corpo e cansaço
  • Entre o segundo e o quarto dias, os sintomas do corpo tendem a diminuir. Entretanto, os sintomas respiratórios podem aumentar, aparecendo com freqüência uma tosse seca
  • Na gripe, a presença de secreções nasais e espirros também é comum
  • Tem vacina e essa é ofertada em todas unidades de saúde brasileiras. O imunizante busca amenizar os sintomas da doença, evitando internações e uma possível evolução do quadro para óbito 


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