Agosto é o mês de conscientização do câncer de pulmão. Veja como prevenir

Foto: Charles Guerra (Diário)
O médico Gustavo Trindade Michel alerta que mais de 80% dos casos de câncer de pulmão são relacionados ao tabagismo

Agosto é considerado um mês de luta pela conscientização e combate ao câncer de pulmão. O período começa hoje, data escolhida para celebrar o Dia Mundial do Câncer de Pulmão, e termina no dia 29, com o Dia Nacional de Combate ao Fumo. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse é o mais comum de todos os tumores malignos, apresentando aumento de 2% por ano na sua incidência mundial. Também é o tipo de câncer que mais mata homens e a segunda causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil.

- A grande preocupação é porque esse câncer é bastante agressivo. O pulmão tem uma reserva funcional muito grande, e os sintomas respiratórios tendem a aparecer quando o órgão já tem um grau de comprometimento razoavelmente avançado. A pessoa vai ter sintomas, muitas vezes, numa fase mais avançada da doença - explica o pneumologista Gustavo Trindade Michel, de Santa Maria.

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Segundo o especialista, mais de 80% dos casos de câncer de pulmão - podendo atingir até 90% - são associados ao tabagismo. Por conta disso, a principal medida de prevenção da doença é não fumar, já que, comparados aos não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais risco de desenvolver câncer de pulmão.  

- Na última década, com as políticas públicas de restrição de fumar em áreas públicas, de aumento dos impostos relacionados ao cigarro, de orientação à população e restrições de publicidade relacionadas ao tabaco, percebemos uma redução de 50% nas taxas de tabagismo em adultos. Só que o reflexo disso no câncer de pulmão se dá décadas depois. Nós ainda estamos sofrendo o pico do tabagismo dos anos 1970 e 1980, de pessoas que ainda fumam e que ainda têm uma grande propensão à doença - comenta Michel.

DIAGNÓSTICO

Como não há um sistema de rastreamento simples para diagnosticar a doença, com exames específicos para identificar o câncer, a tomografia computadorizada é a principal maneira de detectar o câncer de pulmão.

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- Menos de 10% dos casos que chegam ao sistema de saúde no Brasil são passíveis de cura. Mas, felizmente, hoje já está se desenvolvendo sistemas de rastreamento baseados em tomografia computadorizada. A grande questão é implementar isso e a que custo essa implementação possa ser feita. No sistema público, nós temos um déficit muito grande de tomografia computadorizada, que é a principal maneira de a gente conseguir identificar a doença através de exames de imagem. Só fazer Raio X periodicamente não funciona, infelizmente - diz o especialista. 

O tratamento é complexo e exige a participação de várias especialidades médicas (oncologia, cirurgia, radioterapia, radiologia), bem como a associação com vários profissionais de saúde (fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia, por exemplo). Como tratamento principal, está a cirurgia para remoção do tumor. Os outros tratamentos incluem quimioterapia e radioterapia. Para o tratamento mais adequado, no entanto, é necessário que seja realizada uma biópsia e, a seguir, os exames de estadiamento, que têm por objetivo ver o quão avançada está a doença e também para classificar o subtipo do câncer.

- Os tratamentos, hoje, aumentam a qualidade de vida. Não são tratamentos por vezes baratos, mas apresentam resultados, sendo boa parte disponibilizada pelo SUS - afirma o médico. 

COMO PREVENIR 

• Pare de fumar não só cigarro, mas também cachimbo, charuto, narguilé etc. Se você fumou por anos, faça exames periódicos.
• Cobre das autoridades o controle dos níveis de poluentes da sua cidade.
• Evite a exposição a elementos como amianto, arsênico, radônio e metais pesados. Se não for possível, exija medidas de segurança no trabalho.
• Consuma grande quantidade de frutas e verduras.
• Evite o consumo excessivo de álcool. 
• Evite a obesidade.
• Pratique atividade física.

Confira os principais sintomas relacionados  ao câncer de pulmão: 

• Tosse, geralmente seca, com persistência por mais de três semanas, ou nos fumantes com tosse crônica quando ocorre mudança da mesma, tornando-se mais intensa ou em horários incomuns para o paciente
• Dispneia (falta de ar) podendo estar relacionada aos esforços ou mesmo às atividades habituais, como tomar banho e, em alguns casos, até mesmo no repouso. Geralmente, surge de forma leve, ocorrendo piora com o passar do tempo
• Dor torácica contínua, podendo estar relacionada com os movimentos respiratórios ou com a posição
• Hemoptise, ou seja, presença de sangue no escarro, juntamente com a tosse, sintoma também bastante associado à tuberculose
• Pneumonias de repetição ou "mal curadas"
• Inchaço no pescoço ou na face
• Perda de peso importante
• Rouquidão por mais de 1 semana
• Fonte: Hospital de Câncer de Barretos e Instituto Nacional do Câncer (Inca)