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Vereador de 19 anos irá presidir o Legislativo de Formigueiro

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Um jovem de 19 anos tem chamado a atenção da Região Central desde o término das eleições municipais de 2020. O estudante de Jornalismo da Universidade Franciscana (UFN), Pablo Milani (MDB), morador de Formigueiro, concorreu pela primeira vez ao cargo de vereador e, de cara, conseguiu emplacar um mandato, com 186 votos. Porém, ele foi além, e, já no primeiro ano na Câmara, foi eleito para presidir o Legislativo do município de cerca de 6,7 mil habitantes, que fica a cerca de 60 quilômetros de Santa Maria. 

Filho único do vendedor Rodrigo Antônio Flores Milani e da empresária Aline Garcia Milani, ele carrega no ideal a vontade de fazer, de verdade, uma "nova política", próxima da comunidade e com austeridade financeira. E a ambição não fica apenas no discurso.  

NOVAS PRÁTICAS
Um dos projetos que Milani propõe é a redução do salário dos próprios vereadores. A Câmara conta, no total, com nove parlamentares. Para a legislatura que começou em 2021, cinco deles são do MDB, três do PP e um do PDT. Para ele, ser vereador é "mais que indicar onde falta uma lâmpada ou um bueiro". Milani pretende, também, criar a TV Câmara, para aumentar a transparência, e fazer uma análise de todos os contratos da Casa do Povo, para economizar dinheiro.  

Paralelamente à carreira política, ele quer ser jornalista. Mas, nas urnas, não descarta, no futuro, lançar candidatura para chapa majoritária ou, ainda, para deputado. Nesta entrevista, o rapaz de colocações firmes e corajosas marca a entrada na política local em grande estilo. (Colaborou Rafael Favero)  

Diário - Quando surgiu o seu interesse pela política?
Pablo Milani -
Eu sempre gostei de acompanhar o cenário político, em todas as esferas: federal, estadual e, principalmente, municipal. E a área do jornalismo por si só já tem essa proximidade com a política. Mas a vontade de concorrer a vereador surgiu há uns dois anos. Desde então, eu vinha me preparando e capacitando, mesmo sem saber se de fato seria candidato. Manifestei o interesse ao partido e recebi o aval. Então, como determina a legislação, tive que me exonerar da prefeitura. Mas acima de tudo, minha maior motivação para me colocar à disposição da comunidade foi para lutar por algumas pautas que julgo importantes para o crescimento do município e mudar o método de trabalho do legislativo nas partes em que eu discordo ou acho que podem ser melhoradas.  

Diário - Por que escolheu o MDB como partido?
Milani -
Eu sempre tive maior proximidade com o MDB local e as pessoas que o compõem. Claro, tenho muitos amigos e boas relações com pessoas de outras siglas partidárias. Minha família sempre pertenceu ao MDB. Meu avô Sonirati José da Silva Garcia concorreu a vereador e ficou como suplente em 1996. Vivenciando a rotina do Executivo, como assessor, pude presenciar a seriedade de como o MDB conduz o município.  

Diário - Como você acredita que pode contribuir para o desenvolvimento de Formigueiro?
Milani -
Quero, e já estou fazendo, um trabalho totalmente diferente, próximo da comunidade, independentemente de sigla partidária. Serei a ponte entre os problemas e as soluções. A ponte entre as necessidades da comunidade e o poder Executivo. Retornar em todas as localidades, visitar o máximo de casas possíveis e entender a situação de cada comunidade. Não basta lembrar do cidadão na hora de pedir voto, é preciso dar voz e apoio e ele durante os quatro anos do mandato.  

Diário - Qual projeto você destacaria?
Milani -
Meu projeto mais polêmico é a redução do próprio salário dos vereadores. Tenho certeza que, com o apoio popular, conseguiremos fazer um grande movimento para a aprovação. Atualmente, o vereador recebe R$ 2.621,60 e o presidente da Câmara R$ 3.932,41. Caso o vereador falte uma sessão, ele desconta proporcionalmente. Parece pouco, mas seguindo essa lógica, o vereador recebe o equivalente a R$ 655,40 por sessão e o presidente R$ 983,10 por sessão. Eu defendo a redução para o salário mínimo vigente para os vereadores e um salário mínimo e meio para o presidente, já que ele tem mais responsabilidades. Com isso, por mandato, economizaremos mais de R$ 700 mil reais. Para Formigueiro, que tem um orçamento limitado, é um valor muito considerável. Prefiro esse dinheiro fazendo a diferença e salvando vidas na saúde, proporcionando melhorias na educação ou garantindo um melhor escoamento da safra com investimento nas estradas do município. Quem sabe, ainda, ser usado para construir uma sede própria para a Câmara, reduzindo custos fixos de aluguel do futuro.  

Diário -  Além desse projeto, você teria outras ideias?
Milani -
Todos os contratos da Câmara passarão por uma análise para ver sua real necessidade ou não. O objetivo é reduzir os custos daqueles que não são essenciais. Como presidente, tenho direito a seis cargos de confiança, vou lutar para conseguir tocar o trabalho do legislativo com apenas quatro, mais um corte de gastos. Outro projeto meu de destaque é a criação da TV Câmara. Eu quero que a comunidade esteja próxima do legislativo e possa acompanhar de perto o trabalho dos seus representantes. Muitas coisas acabavam ficando no "escuro". Eu não gosto disso e foi um dos motivos que me levaram a concorrer. Desta forma, vou trabalhar para criar a TV Câmara e transmitir as sessões ao vivo através das redes sociais. Para a comunidade do interior facilita muito, já que não precisa se deslocar fisicamente até a Câmara, ou até mesmo para quem está trabalhando no horário das sessões, pode assistir a gravação no momento que desejar. Além disso, na mesma lógica de transparência e ampla divulgação, na primeira semana como presidente, acertei a transmissão das sessões ordinárias no rádio, sem custos para o Legislativo. Também criamos uma página no Facebook e um perfil no Instagram para a Casa do Povo.  

Diário - Como o seu nome foi escolhido para ser presidente da Câmara?
Milani -
O MDB elegeu cinco vereadores para essa legislatura, ou seja, a maioria. Em uma reunião interna, a conclusão foi de que, mesmo eu sendo estreante, meu nome era a melhor opção para conduzir os trabalhos da casa e ditar esse novo ritmo de muito trabalho perto da comunidade com transparência e redução da máquina pública, principalmente pela questão da pandemia que ainda se faz muito presente e derrubou as receitas de todos os municípios.  

Diário - Como jovem, você não teme ser, de certa forma, subestimado pelos políticos mais experientes da cidade?
Milani -
Ser subestimado pelos políticos mais experientes é algo que acontece desde o período eleitoral. Mas nunca me importei com isso. Procuro me capacitar cada vez mais e me sinto preparado. Não temo, pois sei que a comunidade formigueirense confia no meu trabalho e está comigo. 


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