entrevista

Senador Paulo Paim fala sobre o cenário eleitoral após a prisão de Lula

José Mauro Batista


Foto: Deni Zolin (Diário)

Em recente passagem por Santa Maria e região, o senador Paulo Paim disse que o PT deverá estar no segundo turno das eleições presidenciais, independentemente de o candidato ser o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, ou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Ele ressalta que, apesar das críticas e do momento difícil do PT, a sigla foi a que mais cresceu na Câmara dos Deputados, e Lula continua liderando as pesquisas de intenção de voto.

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Presidente da CPI da Previdência, o senador critica a reforma proposta pelo governo, que, segundo ele, é uma imposição dos banqueiros, que tentarão eleger uma bancada expressiva de deputados e senadores para tentar aprovar a proposta. Paim também está elaborando uma proposta para criar o Estatuto do Mundo do Trabalho, com o qual pretende "anular a Reforma Trabalhista". Na passagem pela cidade, ele concedeu entrevista ao Diário. Confira os principais trechos. 

ENTREVISTA

Diário - Com a prisão do Lula e com a provável ausência dele na eleição presidencial, o PT terá tempo de se preparar para a disputa presidencial?
Paulo Paim - Quando começaram com a história de afastar a presidenta Dilma eu já alertava que iriam gerar uma crise e que essa crise não iria terminar antes das eleições gerais. Acabaram aprofundando a crise e chegamos ao ponto que culmina com a prisão do presidente Lula, desrespeitando todos os prazos do processo. Eles não queriam dar tempo de o presidente Lula, que está em primeiro lugar em todas as pesquisas, se apresentar como candidato. Hoje, as pesquisas mostram que o PT voltou a ser o maior partido da Câmara dos Deputados. Mediante todo esse quadro de como é vendida a imagem do PT, o partido ainda tem prestígio. Isso demonstra que estamos caminhando para uma disputa difícil, mas que o PT irá conquistar seu espaço natural em 2018.

Diário - Não é um erro o PT insistir na candidatura de Lula?
Paim - O Lula é o nome mais forte e nós não vamos tirar o nome do Lula. Ele é o plano A. Se lá na frente for necessário, faremos o que for necessário. Têm pesquisas que mostram que o candidato que o Lula apoiar tem tudo para ganhar as eleições.

Diário - Mas o PT não está perdendo tempo ao não trabalhar outro nome? 
Paim - O Lula continua sendo o candidato a presidente com mais prestígio. Se você leva o nome dele lá na frente, e lá na frente há um obstáculo e ele não puder concorrer, as pesquisas dizem que o candidato que ele apoiar estará no segundo turno. 

Diário - Que nomes o PT poderá trabalhar para eventual substituição de Lula? 
Paim - O nome levantado hoje é o do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. É o nome mais apontado se, lá na frente, for preciso rediscutir a candidatura do partido. 

Diário - Mas qual o prazo que o PT estabeleceu para tomar uma decisão definitiva? 
Paim - Dia 15 de agosto. Nossos estudos mostram que, se até lá o Lula tiver esse prestígio que ele tem hoje, e ele disser "o meu candidato é o Haddad", o Haddad estará no segundo turno. Pode escrever.  

Diário - As delações da Odebrecht e provas colhidas pela Lava-Jato apontam para uma participação de Lula em esquemas de corrupção. Mesmo assim, o senhor acredita que ele é inocente?  
Paim - Até o momento, eles não apresentaram provas concretas. Qual a acusação contra o Lula? É o tal triplex. Mas uma juíza de Brasília mandou deixar o triplex à disposição da proprietária, que é a construtora OAS, porque não conseguiu provar que é do Lula. O sítio (de Atibaia) é dele? É essa a pergunta que fica. Não tem nada que comprove que os dois (triplex do Guarujá e o sítio de Atibaia) são dele.  

Diário - Há um movimento, mesmo que ainda tímido, pedindo o impeachment do presidente Temer. O senhor acredita que ele possa ser afastado? 
Paim - O impeachment do Temer foi pedido duas vezes e negado pela Câmara, que é indecente. Como é véspera de eleição, o Temer que bote as barbas de molho porque ele pode ser afastado. Antes, a Câmara absolveria ele de novo, mas em véspera de processo eleitoral, ele corre risco. 

Diário - A reforma da Previdência voltará com força após as eleições? 
Paim - Passadas as eleições, independentemente de quem ganhar, há risco, sim, da reforma passar ou ainda este ano ou, mais provavelmente, a partir de 1º de fevereiro do ano que vem. 

Diário - Mas vai depender de quem for eleito presidente ou mesmo do presidente Temer, caso ele não seja afastado como o senhor acredita? 
Paim - O Temer não manda nada, é um empregado do mercado. O mercado quer a reforma da Previdência porque são trilhões de reais em jogo e os grandes bancos são os maiores devedores. Em 1º de fevereiro, virão com toda força, o mercado vai ter muito peso no Congresso Nacional, vai financiar a campanha de muito parlamentar. Quem promulga a reforma é o Congresso e a aprovação só não ocorreu devido a uma ampla mobilização. Por isso, venho alertando para a importância do processo eleitoral. 

Diário - Qual a saída para a Previdência? 
Paim - A CPI mostrou que não há déficit como se propaga, e mostramos o caminho: combater a corrupção e a sonegação, parar de dar perdão para os grandes devedores, parar de fazer Refis (refinanciamento de dívidas fiscais), acabar com a DRU (Desvinculação de Receitas da União, mecanismo que permite que o governo federal use livremente parte dos tributos federais, inclusão as contribuições sociais) e com a apropriação indébita, que tira em torno de R$ 30 bilhões por ano.

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